Fundos Quantitativos: Entendendo uma Alternativa de Investimento
Os parâmetros, as teses de investimentos e os princípios por trás dos algoritmos em um fundo quantitativo são melhor articulados do que em qualquer outro setor da indústria de gestão. Fundos quantitativos são mais fáceis de serem auditados do que fundos discricionários tradicionais, onde o gestor pode até explicar o processo de investimento, mas não há garantia de que isso será seguido.
Leda Braga, CEO da Systematica, em entrevista à CNBC.
Os fundos quantitativos têm ganhado cada vez mais espaço nas carteiras de investidores ao redor do mundo. Por isso, conhecê-los e entender suas particularidades se torna cada vez mais necessário.
O que são fundos quantitativos?
Como responsáveis pela área comercial, conversamos frequentemente com investidores e notamos que os fundos quantitativos ainda estão envoltos em muitas dúvidas. Eles possuem uma certa mística.
Como geralmente estão relacionados a palavras como “algoritmos” ou “robôs”, os fundos, muitas vezes, não são completamente compreendidos pelas pessoas. Assim, eles podem ser vistos como uma caixa preta (“black box”), que fascina alguns e amedronta outros.
Na verdade, embora as técnicas e ferramentas utilizadas na gestão quantitativa sejam bastante complexas, combinando teoria (matemática aplicada e estatística) e prática (programação e execução), o conceito não precisa ser difícil.
Os fundos quantitativos exploram padrões no comportamento dos ativos. Quando se diz que o trabalho de um gestor quantitativo é procurar por padrões, significa que ele está investigando possíveis estruturas em uma base de dados.
Quando uma estrutura é encontrada, o gestor pode então criar uma sequência de regras pré-definidas para começar a explorar e lucrar com ela. Assim, o fundo quantitativo é aquele que conta com a tecnologia para otimizar os investimentos.
Exemplo prático
Digamos que este é o histórico de variação do preço do Dólar x Real (dados fictícios):
Mesmo em um exemplo (bastante) simplificado, o provável é que você não tenha percebido nenhuma estrutura ou padrão nesta base de dados, certo?
Porém, um gestor quantitativo experiente consegue descobrir que, no exemplo que demos, em todas as vezes que o dólar desvalorizou por 3 dias seguidos, ele inverteu a trajetória no 4° dia.
Assim, com a ajuda de algoritmos e sistemas, essa seria uma das estruturas possíveis de se explorar nas operações com Dólar em um fundo quantitativo.
Como fazer isso?
O trabalho do fundo é criar uma sequência de regras pré-definidas para explorar o padrão identificado. A sequência de regras é exatamente o que chamamos de algoritmo ou modelo.
Uma forma fácil de entender o conceito é pensar em um algoritmo como um conjunto de “ses”:
- se acontecer isso, faça isso;
- se acontecer aquilo, faça aquilo.
Logo, as estruturas e padrões percebidos são aproveitados para criar um conjunto de comandos nos fundos quantitativos. Eles determinam exatamente como o modelo deve operar em cada uma das situações possíveis no mercado.