Pirâmide de Unas
A Pirâmide de Unas (em egípcio antigo: Nefer asut Unas, significando "Belos são os locais de Unas") é uma pirâmide egípcia de laterais lisas construída no século XXIV a.C. para o faraó Unas, o nono e último governante da Quinta Dinastia. É a menor das pirâmides do Império Antigo, porém mesmo assim importante devido à descoberta dos Textos das Pirâmides, feitiços para o pós-vida do faraó inscritos nas paredes das câmaras subterrâneas. Eles foram inscritos pela primeira vez na Pirâmide de Unas e isto tornou-se uma tradição repetida nas pirâmides de governantes posteriores até o final do Império Antigo e meados do Império Médio, quando derivaram-se nos Textos dos Sarcófagos e depois formaram a base para o Livro dos Mortos.
Unas construiu sua pirâmide entre os complexos de Tireis e Djoser em Sacará. Um longo passeio foi construído entre o templo do vale em um lago próximo a fim de criar uma conexão com o complexo. Esse passeio tinha paredes elaboradas cobertas com um teto que tinha uma fenda em uma seção para que a luz pudesse entrar, assim iluminando as imagens. Um uádi longo foi usado como caminho. O terreno era difícil de transacionar e continha edifícios antigos e superestruturas de tumbas. Estes foram derrubados e reaproveitados como base do passeio. Uma grande parte do passeio de Djoser foi reutilizada para aterro. Tumbas que estavam no caminho tiveram suas superestruturas demolidas e foram pavimentadas, preservando suas decorações. Duas tumbas da Segunda Dinastia, que acredita-se pertencerem a Boco, Queco e Binótris, estavam entre aquelas que ficaram sob o passeio. O local foi depois usado para vários enterros de oficiais da Quinta Dinastia, indivíduos da Décima Oitava à Vigésima Dinastias e uma coleção de monumentos da Época Baixa conhecidos como "tumbas persas".
O passeio conectava o templo no lago com o templo mortuário no lado leste da pirâmide. Este templo era acessado por meio de uma grande porta de granito no lado leste, aparentemente construída pelo sucessor de Unas, Teti, que era conectada ao final do passeio. Ao sul do passeio superior estão dois atracadouros que possivelmente continham dois barcos de madeira: as barcas solares de Rá, o deus sol. O templo tinha uma disposição similar ao templo do faraó Tanquerés. Um corredor transversal separa o templo interior do exterior. A capela do templo interior foi completamente destruída, porém costumava conter cinco estátuas em nichos. Uma característica do templo interior era uma única coluna de quartzito que ficava na antecâmara. A sala hoje está toda em ruínas. Quartzito é um material atípico em projetos arquitetônicos, porém existem exemplos esparsos de seu uso no Império Antigo. O material era associado ao culto solar por causa de sua coloração semelhante ao sol.
As câmaras subterrâneas permaneceram inexploradas até 1881, quando Gaston Maspero, que recentemente tinha descoberto textos inscritos nas pirâmides de Pepi I e Merenré I, conseguiu entrar. Maspero descobriu os mesmos textos inscritos nas paredes da Pirâmide de Unas, sua primeira aparição conhecida. Os 283 feitiços constituem o corpo de escritas religiosas mais antigo, menor e melhor preservado do Império Novo. Sua função era guiar o faraó até a vida eterna e garantir sua sobrevivência contínua mesmo que o culto funerário parasse de ocorrer. No caso de Unas, este culto funerário pode ter sobrevivido ao turbulento Primeiro Período Intermediário e durado até a Décima Segunda ou Décima Terceira Dinastias no Império Médio. Entretanto, acredita-se também que possivelmente o culto tenha ressurgido no Império Médio em vez de ter sobrevivido até esse ponto.