Periquito-de-rodrigues
O periquito-de-rodrigues (Psittacula exsul) é uma espécie extinta de periquito, endêmica de Rodrigues, uma ilha no Oceano Índico a leste de Madagascar. Pertencente ao gênero Psittacula, que inclui aves afro-asiáticas, o periquito-de-rodrigues compartilhou uma estreita relação com o papagaio-alexandrino e o periquito-de-colar. Características morfológicas e análise genética confirmam que a espécie se separou do periquito-de-colar há cerca de 3,82 milhões de anos. Além disso, o periquito-de-rodrigues é considerado ancestral dos periquitos de Maurício e Reunião.
Com aproximadamente 40 cm de comprimento, o periquito-de-rodrigues possuía uma plumagem acinzentada ou azul-ardósia, o que é incomum para uma ave do gênero Psittacula, cujas espécies geralmente apresentam tonalidades verdes. Os machos tinham penas de cores mais intensas e um bico avermelhado, enquanto as fêmeas tinham o bico preto. Apenas um macho foi registrado, sendo ele provavelmente imaturo, o que torna os detalhes sobre a aparência de um macho adulto incertos. Os machos podem ter possuído manchas vermelhas nas asas, similar ao papagaio-alexandrino. Ambos os sexos exibiam um colar preto, que ia do queixo até a nuca, sendo mais evidente nos machos. As pernas da ave eram cinzas, e sua íris, amarela. Apesar de pouco se saber sobre seu comportamento, acredita-se que a ave se alimentava de nozes da árvore bois d'olive (Cassine orientalis) e folhas, além de ser bastante mansa e capaz de imitar a fala humana.
A espécie foi registrada pela primeira vez em 1708 por François Leguat, um exilado francês que esteve em Rodrigues. Há poucos relatos posteriores sobre a ave, com o nome específico "exsul", que significa "exilado", uma referência a Leguat. Existem apenas dois desenhos baseados na ave viva, ambos feitos de um único espécime mantido em cativeiro na década de 1770. A fêmea, o primeiro exemplar conhecido, tornou-se o holótipo quando a espécie foi descrita em 1872 por Alfred Newton. O último macho registrado foi coletado em 1874, e esses dois espécimes são os únicos que restaram. A ave entrou em declínio devido ao desmatamento e possivelmente à caça, e a população final foi provavelmente dizimada por ciclones e tempestades que atingiram a ilha no final do século XIX. Apesar de algumas especulações sobre a possível sobrevivência da espécie até 1967, acredita-se que ela tenha se extinguido por volta de 1875.
Evolução
Baseado em características morfológicas, o papagaio-alexandrino (Psittacula eupatria) é considerado a população fundadora de todas as espécies de Psittacula das ilhas do Oceano Índico, com novas populações se estabelecendo durante a colonização a partir do sul da Ásia. As características da espécie vão desaparecendo gradualmente à medida que se distanciam de sua região original. Restos subfósseis do periquito-de-rodrigues indicam que ele possuía características osteológicas distintas das outras espécies de Psittacula das Mascarenhas, mas também apresentava semelhanças, como um esterno reduzido, sugerindo um parentesco próximo. Essas características mostram que a espécie ficou isolada por muito tempo em Rodrigues.
As aves endêmicas das Mascarenhas, como o dodô, são descendentes de ancestrais do sul da Ásia. O paleontólogo Julian Hume propôs que isso também ocorreu com os papagaios da região. Durante o Pleistoceno, o nível do mar era mais baixo, o que facilitou a colonização de algumas ilhas por espécies de papagaios. Embora a maioria das espécies de papagaios extintos das Mascarenhas seja pouco conhecida, restos subfósseis mostram que elas compartilhavam características comuns, como cabeças e mandíbulas alargadas e ossos peitorais reduzidos. Hume sugeriu que todas essas espécies têm uma origem comum na radiação da tribo Psittaculini, devido às características morfológicas e à capacidade de colonização de várias ilhas isoladas do Oceano Índico.
Um estudo genético de 2015, com DNA extraído de um dedo do pé de uma fêmea de periquito-de-rodrigues, confirmou que a espécie pertence a um clado com as subespécies de periquito-de-colar (da Ásia e África), e se separou delas há 3,82 milhões de anos. Além disso, o periquito-de-rodrigues é ancestral dos periquitos de Maurício e Reunião.