Torre (xadrez)
A Torre é uma peça maior no xadrez, amplamente estudada na literatura enxadrística devido ao seu valor estratégico e tático, especialmente na fase final do jogo. Seu valor relativo é de aproximadamente cinco pontos, variando conforme seu posicionamento em colunas ou fileiras abertas, ou em formações estratégicas, como baterias.
No início da partida, cada jogador possui duas torres, posicionadas nas colunas a e h>: na primeira fileira para as brancas e na oitava para as pretas. Embora raramente usadas na abertura devido à mobilidade limitada em posições fechadas, elas ganham importância no meio-jogo, ocupando colunas abertas, atacando o Rei adversário e controlando a sétima fileira. Na fase final, tornam-se decisivas contra peças menores.
A Torre movimenta-se em linhas retas, ao longo de colunas e fileiras, sem pular outras peças, e captura ocupando a casa do adversário. Um movimento especial permitido à Torre é o roque, em que, caso não tenha sido movida, pode "pular" o Rei, ocupando a casa ao lado deste.
A peça está presente na maioria das variantes do xadrez, normalmente na mesma posição inicial, embora existam diferenças regionais no nome. Em algumas variantes, como o shogi, seu movimento é combinado com o de outras peças, como o Rei, ou dá origem a novas peças, como o Cavalo-Torre.
Origem e História
Segundo uma lenda, o brâmane Sissa criou o chaturanga, precursor do xadrez, baseado em figuras do exército indiano. Uma das peças era a Biga, um carro de guerra movido por cavalos, cujo movimento era idêntico ao da atual Torre. Em sânscrito, seu nome era Ratha. Quando o jogo foi assimilado pelos persas, a peça passou a se chamar Rukh, e o termo foi mantido pelos árabes, que também associaram o nome ao pássaro mítico Roca.
Na Europa, a peça recebeu diferentes nomes: rocco em italiano, associado a fortaleza, originou a denominação Torre na maioria dos idiomas europeus. Em inglês, no entanto, o nome Rook foi adotado, enquanto leigos frequentemente a chamam de Castle devido à sua representação como uma torre.
Curiosamente, em russo, a Torre é chamada Ladia, que significa barco, assim como em algumas regiões da Indonésia e Filipinas, sugerindo que o jogo chegou a esses lugares diretamente dos persas e indianos.
Evolução na Representação
No poema Scacchia Ludus (1527), Marco Girolamo Vida descreveu as torres como fortificações sobre elefantes em uma partida de xadrez entre os deuses Apolo e Mercúrio. Essa imagem influenciou os enxadristas europeus, que, ao longo do tempo, abandonaram o elefante, mantendo apenas a representação da torre.