Fibras
As fibras naturais estão presentes nos mais variados tecidos e, com certeza, estão presentes na sua casa. Muito provavelmente você está utilizando alguma peça de roupa enquanto lê esse texto, mas você sabe dizer qual a origem da fibra utilizada nesse tecido? É uma fibra natural, sintética, artificial ou mista?
As fibras possuem características próprias, mas, em geral, são materiais longos, finos e flexíveis com capacidade para serem transformados em fios. A indústria têxtil utiliza diferentes tipos de fibras para a produção dos mais variados produtos, como: roupas, panos para limpeza, coberturas de bancos de carros e até mesmo em curativos.
Origem das fibras
As fibras naturais podem ser de origem vegetal, provenientes de diferentes partes das plantas, como sementes, caule e até mesmo flores e folhas. De origem animal, obtidas dos pelos de animais ou produzidas por eles. Menos conhecidas, as fibras de origem mineral também são naturais e podem ser obtidas a partir de minérios como basalto e amianto.
As fibras sintéticas e artificiais são consideradas de origem química, ou por serem derivadas de compostos químicos, como é o caso do poliéster produzido a partir do petróleo (fibra sintética), ou por passarem por alguma etapa em que ocorre o tratamento da celulose com reagentes químicos, como é o caso do rayon (fibra artificial).
Fibras naturais
As fibras naturais são as mais antigas e utilizadas há milhares de anos pelo homem. Na última década, a produção de fibras naturais no mundo superou anualmente os 30 milhões de toneladas.
Além de serem utilizadas na confecção de roupas, as fibras naturais passam por diferentes processamentos a depender de sua origem. É possível produzir materiais mais resistentes, como lona, bolsas, tapetes e insumos para móveis e geotêxteis para a indústria de engenharia civil. Além disso, as fibras naturais, devido às propriedades mecânicas e físicas, são aplicadas nos mais variados produtos, como por exemplo:
- Fibras de cânhamo são utilizadas na vedação de tubos;
- Fibras de coco no preenchimento de bancos de automóveis e na produção agrícola, servindo de substrato para mudas e plantas maiores;
- Fibra kapok, que é extraída da semente da mafumeira (Ceiba pentandra), é utilizada na produção de coletes salva-vidas.
Com exceção das fibras de algodão, que representam cerca de 80% das fibras naturais produzidas no mundo, e do linho, que se desenvolve melhor em climas temperados, a maioria dessa matéria-prima é produzida por pequenos produtores da América do Sul e do Leste Asiático.
O valor do mercado agrícola, referente à produção mundial de fibra natural, em 2018, foi estimado em 60 bilhões de dólares, representado principalmente pelo algodão e pela lã, que apresentaram preços recordes. Outras fibras bastante conhecidas pelos consumidores são o linho e a seda.
A fibra de linho
O linho é um tipo de fibra longa produzida a partir do caule da planta Linum usitatissimum, que em tradução literal significa “linho mais útil”. É uma das fibras mais antigas já utilizadas pelo homem, e até hoje é uma importante matéria-prima, principalmente para produtos têxteis. Na colheita do linho, a planta inteira é retirada do solo, preservando ao máximo o comprimento das fibras.
Fibras originárias de estruturas vegetais mais densas, como o caule, precisam passar por um processo conhecido como retting, que é geralmente realizado por microrganismos capazes de colonizar e degradar essas fibras, separando-as em frações mais finas. Após essa etapa, as fibras de linho passam por um processo de limpeza e orientação.
Assim como o algodão, a fibra de linho também é constituída principalmente por celulose, chegando a 80%, mas a pectina e hemicelulose ganham espaço nesse material têxtil, promovendo diferentes características. Por exemplo, o tecido originado desse tipo de fibra é mais rígido, de fácil enrugamento e com alta capacidade de absorver e liberar água, sendo ideal para roupas que serão utilizadas em climas quentes.
As plantas de linho são cultivadas em regiões cujas temperaturas não ultrapassem os 30 °C, o que faz dos países da Europa Ocidental, como França e Bélgica, os seus principais produtores, responsáveis por 85% das 868,3 milhões de toneladas de fibras de linho produzidas em 2018. É uma cultura considerada “eco-friendly” por necessitar de poucos insumos químicos para o seu desenvolvimento.
A fibra de seda
A seda é uma fibra natural de origem animal, constituída de um filamento proteico produzido por algumas espécies de animais, como por exemplo, o bicho da seda (Bombyx mori), quando faz o seu casulo. O seu principal constituinte é a fibroína. As fibras de seda merecem destaque por apresentarem alta capacidade de tração, extensibilidade, biocompatibilidade e resistência a produtos químicos, superando a maioria das fibras naturais e sintéticas.
Mais de 140 mil espécies de borboletas e mariposas, e 40 mil espécies de aranhas produzem seda. No entanto, a produção dessa fibra se dá, há mais de 5.000 anos, pela criação das larvas da mariposa que ficou conhecida como bicho da seda. A fibroína da seda é secretada pelas glândulas da larva no momento em que produz o seu casulo, chegando a sintetizar cerca de 600 a 2.000 metros de fibra contínua.