Excubitores
Os Excubitores ou Excúbitos (em grego: ἐξκουβίτορες ou ἐξκούβιτοι; romaniz.: Exkoubítores ou Exkoúbitoi; em latim: Excubitores ou Excubiti; literalmente: "aqueles fora da cama", ou seja, "sentinelas") foram uma unidade de guardas imperiais dos imperadores bizantinos, fundada por volta de 460 pelo imperador Leão I, o Trácio (r. 457–474). Originalmente criada para contrabalancear a influência do efetivo germânico no exército bizantino e do oficial Áspar, a unidade se tornou influente, e alguns de seus comandantes chegaram a ser imperadores no século VI.
Os excubitores desapareceram dos registros no final do século VII, mas foram restaurados como uma das tagmas, unidades militares de elite, por Constantino V Coprônimo (r. 741–775) no século VIII, deixando de ser uma unidade de guarda palaciana. Durante o século IX, o comandante dos excubitores, Miguel II, o Amoriano (r. 820–829), tornou-se imperador. No século X, Romano II (r. 959–963) dividiu o regimento em duas partes. O último registro dos excubitores data do ano 1081.
Origem e Composição
A composição original dos excubitores é atualmente desconhecida, mas sabe-se que eram uma unidade de cavalaria com oficiais chamados "escrivães", de função incerta. Durante os primeiros séculos, a unidade era comandada por um "conde dos excubitores", cargo que foi substituído pelo "doméstico" no século VIII. Como tagma, sua estrutura seguiu o padrão das demais unidades de elite, com subdivisões em pelo menos 18 bandos, cada um comandado por um escrivão e dividido em unidades menores lideradas por um draconário. O tamanho exato dessas divisões é incerto, havendo variações nos registros.
Fundação e Funções
Os excubitores foram estabelecidos na Antiguidade Tardia, aproximadamente em 460, pelo imperador Leão I, com cerca de 300 homens, muitos dos quais eram guerreiros isauros, em uma estratégia para contrabalançar a influência do mestre dos soldados Áspar e da influência germânica (ostrogótica) no exército. Diferentemente das escolas palatinas, que acabaram se degenerando em formações com funções protocolares, os excubitores mantiveram seu papel combativo e estavam alocados no palácio imperial, sendo praticamente a única guarnição de Constantinopla no século VI. O elevado status dos excubitores é demonstrado pelo fato de que oficiais e soldados da unidade eram frequentemente enviados em missões especiais, incluindo diplomáticas.
Conde dos Excubitores
O comandante original dos excubitores, o conde dos excubitores (em latim: comes excubitorum; em grego: κόμης τῶν ἐξκουβίτων/ἐξκουβιτόρων), tornou-se uma figura de grande importância devido à proximidade com o imperador, sendo ocupado geralmente por membros da família imperial ou herdeiros. Por exemplo, o apoio dos excubitores ajudou Justino I (r. 518–527) a ascender ao trono e Justino II (r. 568–578) a ter uma transição pacífica de poder, com o conde Tibério, seu amigo íntimo, como braço direito. Tibério mais tarde sucedeu Justino II como Tibério II (r. 578–582), e seu próprio conde dos excubitores, Maurício I, também o sucedeu ao trono.
No reinado de Maurício, o posto foi ocupado por seu cunhado Filípico, e durante o reinado de Focas (r. 602–610), por Prisco. Outro ocupante poderoso foi Valentino, que tentou tomar o trono em 644, mas foi executado pela multidão. As intrigas associadas ao cargo levaram a que fosse ocupado apenas por eunucos até seu desaparecimento das fontes históricas na última metade do século VII.
Transformação em Tagma
Após um intervalo de registros entre o final do século VII e meados do século VIII, os excubitores ressurgiram sob a liderança de um novo comandante, o "doméstico dos excubitores" (em grego: δομέστικος τῶν ἐξκουβίτων/ἐξκουβιτόρων; em latim: domesticus), e com nova função como uma das tagmas imperiais, criadas por Constantino V Coprônimo (r. 741–775). Como tagma, a unidade foi reorientada para operações militares e não mais para a guarda palaciana, sendo utilizada ativamente em campanhas militares. Os tagmas também serviram como contrapeso aos exércitos dos temas e desempenharam um papel importante na implementação das políticas iconoclastas de Constantino V.