Fases da história de Babilónia
Babilónia aparece tardiamente na história da Mesopotâmia antiga, em comparação com outras grandes cidades dessa civilização, como Quis, Uruque, Ur, Nipur ou Nínive. Por isso, a sua rápida ascensão é ainda mais notável. A cidade é pouco mencionada na documentação da segunda metade do 2.º milénio a.C., mas cresceu rapidamente sob o impulso de uma dinastia amorita que obteve vários êxitos militares importantes, durante o período dito "paleobabilónico" (2004–1595 a.C.). Durante o período seguinte, dito "médio-babilónico" (1595–fim do século XI a.C.), Babilónia afirmou-se de forma permanente como capital da Mesopotâmia meridional, tornando-se um grande centro religioso além de um centro político, sob a dinastia cassita e a Segunda dinastia de Isim (1154–1027 a.C.).
O início do 1.º milénio a.C. foi marcado por períodos turbulentos, que se prolongaram nas guerras provocadas pelas tentativas de controlo da região da Babilónia pelos reis assírios. Estes foram finalmente derrotados pelos reis que fundaram o poderoso império dito neobabilónico (626–539 a.C.) e que empreenderam as obras que tornaram Babilónia a cidade mais prestigiada do seu tempo. Depois da queda deste império, sucederam-se várias dinastias estrangeiras; apesar da cidade não ser a capital, ela conservou uma importância considerável até aos últimos séculos antes de Cristo, durante as fases mais tardias da história babilónica, antes de ser abandonada nos primeiros séculos da nossa era.
Origens da cidade e do seu nome
A menção mais antiga ao que pode ter sido o nome da cidade de Babilónia encontra-se numa tábua datada por critérios paleográficos de c. 2 500 a.C. (Período Dinástico Arcaico). Esse texto menciona uma cidade chamada BA7.BA7 ou BAR.KI.BAR cujo soberano (ENSÍ) comemora a construção do templo do deus AMAR.UTU, que em períodos ulteriores é a forma suméria do nome de Marduque, a divindade tutelar de Babilónia, o que aparentemente dá força à hipótese do texto se referir aquela cidade.
O nome "Babilónia" provém do grego, que por sua vez provém do acádio bāb-ili(m), que significa "porta (bābu(m)) do deus (ili(m))", que se encontra também nos textos sob a forma bāb-ilāni ("porta dos deuses"). Terá tido origem no termo babal ou babulu, que sem dúvida fazia parte da língua, atualmente desconhecida, de uma população anterior à presença suméria e semita na Mesopotâmia, pelo que se desconhece o seu significado. Uma outra hipótese é que se trate de um termo de origem suméria, que talvez signifique "pequeno bosque". Esse termo original teria sido interpretado, devido à proximidade fonética, pelos falantes de acádio que povoaram a cidade como significando "porta do deus", pois ele aparece com frequência nos textos mais antigos em logogramas sumérios, sob a forma KÁ.DINGIR ou KÁ.DINGIR.RA, que tem o mesmo sentido (KÁ, "porta"; DINGIR "deus"; -RA como marca do dativo) e é uma tradução e não apenas uma simples transposição fonética como acontece com outras adaptações da palavra noutras línguas. O nome acádio da cidade, por sua vez, deu origem ao hebraico Babel e ao árabe Bābil, que designa a cidade nessas línguas.
A primeira menção segura do nome Babilónia encontra-se na forma suméria KÁ.DINGIR, num texto cuneiforme datado do reinado de Sarcalisarri (r. 2218–2193 a.C.), soberano do Império Acádio que mandou restaurar dois templos de Babilónia, que fazia parte do seu império. Depois disso, Babilónia aparece em vários textos do período da 3.ª dinastia de Ur, no século XXII a.C., quando a cidade era um centro administrativo secundário do Império de Ur, dirigida por um governador que ostentava o antigo título real ENSÍ. Trata-se principalmente de documentos fiscais, dos quais se deduz que se tratava de uma cidade pouco importante. Os estratos das ruínas do 3.º milénio a.C. não foram escavados, pelo que é difícil datar as origens da cidade, apesar de terem sido recuperados alguns objetos desse milénio durante prospecções.