Batalha de Jarmuque
A batalha de Jarmuque (em árabe: معركة اليرموك; romaniz.: maerakat al-Yarmuk/Yarmuq), também conhecida em grego como Hieromiax (Ἱερομύαξ) ou Iermucas (Ιερμουχάς), foi um grande confronto entre as tropas árabes do Califado Ortodoxo e os exércitos do Império Bizantino. A batalha consistiu em uma série de combates de seis dias, ocorridos entre 15 e 20 de agosto de 636, próximos ao rio Jarmuque, na atual fronteira entre Síria e Jordânia, próximo das fronteiras do Líbano e Israel.
O resultado foi uma vitória decisiva dos muçulmanos, encerrando o domínio bizantino na província romana da Síria. É considerada uma das batalhas mais importantes da história militar, pois marcou o auge da primeira onda de conquistas islâmicas após a morte de Maomé, sinalizando a rápida expansão muçulmana sobre o Levante, que na época era predominantemente cristão.
Antecedentes e Preparativos
O imperador bizantino Heráclio enviou uma expedição ao Levante em maio de 636 para conter o avanço muçulmano, que havia iniciado dois anos antes, e recuperar os territórios perdidos. Com a aproximação do exército bizantino, os árabes retiraram-se temporariamente da Síria, reunindo todas as suas forças nas planícies de Jarmuque. Após receber reforços, as tropas muçulmanas sob comando de Calide ibne Ualide conseguiram derrotar o exército bizantino, numericamente superior. A vitória consolidou a reputação de Calide como um dos maiores estrategistas e comandantes de cavalaria da história.
Heráclio e a Guerra com os Sassânidas
Em 610, durante a última guerra entre bizantinos e sassânidas, Heráclio (r. 610–641) tornou-se imperador após derrubar Focas (r. 602–610). Os persas sassânidas então avançaram pela Síria e pela Palestina, ocupando Cesareia em 611. Heráclio conseguiu conter a invasão da Anatólia, mas sofreu uma derrota em 613 ao lançar uma ofensiva contra os invasores. Ao longo da década seguinte, os persas ocuparam também o Egito. Em 622, Heráclio reconstruiu seu exército e lançou uma série de vitórias sobre os persas, culminando na Batalha de Nínive, que ameaçou a capital sassânida de Ctesifonte.
Conquista Muçulmana da Síria
Durante esse período, o cenário político na Arábia mudou rapidamente. Maomé unificou a região sob o Islã e, ao morrer em 632, Abu Baquir (r. 632–634) foi eleito califa. Após enfrentar tribos rebeldes nas Guerras Ridda, Abu Baquir iniciou a expansão do califado ao enviar o general Calide ibne Ualide para conquistar o Savade (Iraque), vencendo os persas sassânidas em várias batalhas. Com a Síria como próximo alvo, o califa ordenou que Calide liderasse a invasão. Em julho de 634, os árabes derrotaram os bizantinos na Batalha de Ajenadaim, que precedeu a conquista de Damasco e a Batalha de Fahl.
Contra-ataque Bizantino
Alarmado com as perdas sucessivas, Heráclio preparou uma contra-ofensiva em 636. As forças bizantinas, reunidas em Antioquia, incluíam tropas bizantinas, eslavas, francas, georgianas, armênias e árabes cristãos. Sob o comando geral de Teodoro Tritírio e com divisões lideradas por figuras como o general armênio Baanes, o príncipe eslavo Bucinador e o rei gassânida Jabalá ibne Alaiam, o exército de Heráclio avançou até a planície de Jarmuque, onde os muçulmanos aguardavam.
Os bizantinos não conseguiram manter a ofensiva devido à falta de apoio sassânida e acabaram derrotados pelos árabes. A vitória em Jarmuque foi decisiva para o avanço islâmico no Levante, consolidando o domínio muçulmano sobre a região.