Um Dia de Atentados Terroristas
O dia 11 de setembro é, sem dúvidas, uma data marcante para a história mundial. Nesse mesmo dia, ocorreram dois grandiosos atentados terroristas: um em 1973 e outro em 2001. No Chile, as forças que promoveram um golpe militar no país derrubaram o governo de Salvador Allende e instauraram um regime ditatorial comandado por Augusto Pinochet. Nos Estados Unidos, aviões foram lançados contra as torres do World Trade Center e o Pentágono, deixando milhares de mortos em uma ação atribuída à organização terrorista Al-Qaeda.
Em 1970, Salvador Allende foi eleito presidente do Chile, com uma candidatura construída pelo Partido Socialista Chileno (PSCh) em conjunto com outros partidos de esquerda, incluindo o Partido Comunista Chileno (PCCh), de orientação stalinista, que já havia rivalizado com o PSCh em tempos anteriores. A coalizão partidária que levou Allende ao poder foi chamada de Unidade Popular (UP).
A postura do governo de Allende desagradava profundamente o imperialismo norte-americano da época, pois foram estatizadas empresas estratégicas e reformas de base foram implementadas, com destaque para uma ampla operação de Reforma Agrária no país. O governo de Allende pretendia estabelecer transformações estruturais que gerassem as bases para a construção popular de uma sociedade socialista chilena. Além disso, ao contrário de líderes como Fidel Castro e o Partido Comunista Soviético, Allende defendia uma via pacífica para a construção de uma sociedade de esquerda.
Em 1973, a direita chilena arquitetou a realização de um impeachment para tentar retomar o poder. O plano era fortalecer-se nas eleições municipais daquele ano, mas o PSCh obteve cerca de 46% dos votos válidos, o que não ocorreu como esperado. Isso levou a uma nova estratégia, com a intensificação de uma pesada pressão política organizada por grupos de direita, envolvendo até atentados terroristas.
Com apoio da CIA e da Doutrina Truman, os grupos de extrema-direita organizaram-se nos núcleos militares chilenos, até então subestimados pelo governo de Allende. O resultado foi o golpe militar que culminou nos atentados ao Palácio de La Moneda em 11 de setembro, onde Allende cometeu suicídio. A ação militar foi comandada pelo general Augusto Pinochet, responsável por uma ditadura sangrenta que perdurou até 1989 e foi a primeira experiência neoliberal na América Latina.
Nos Estados Unidos, os atentados de 11 de setembro, por serem mais recentes e por atingirem a maior potência mundial, tornaram-se mais conhecidos. Durante esse episódio, forças organizadas pela Al-Qaeda, liderada por Osama Bin Laden, interceptaram e controlaram quatro aviões americanos. Dois deles atingiram as Torres Gêmeas do World Trade Center, um atingiu o Pentágono e o último caiu na Pensilvânia, sem alcançar o alvo, que, segundo versões oficiais, era o Capitólio, a sede do Poder Legislativo dos EUA.
Economicamente, os atentados provocaram a imediata queda das bolsas de valores dos EUA, afetando também várias economias globais. Além disso, o setor de aviação foi profundamente afetado, com uma queda nas viagens devido à desconfiança sobre a segurança dos sistemas aéreos.
Os Estados Unidos, sob a prerrogativa de estabelecer uma “Guerra ao Terror”, iniciaram ações que cerceavam as liberdades de seus cidadãos, por meio de leis que permitiam invasões domiciliares, interrogatórios sem autorização judicial, espionagem sem prévia permissão e, em alguns casos, sem o direito de defesa imediata dos acusados. No plano externo, iniciou-se uma série de investidas militares e posturas geopolíticas agressivas, incluindo a chamada “guerra preventiva”, que resultou nas guerras no Afeganistão e no Iraque.
Podemos concluir que ambos os atentados de 11 de setembro foram arquitetados dentro das disputas pelo poder. O primeiro visava mudar diretamente a forma de governo no Chile, enquanto o segundo tinha como objetivo desestabilizar uma das principais estruturas globais. O saldo de mortos foi estimado em cerca de dez mil pessoas no Chile e quase três mil nos Estados Unidos.
