Ramessés II
Ramessés II, o Grande, também conhecido pela titulatura helenizada Osimandias (em grego: Ὀσυμανδύας), popularizada em inglês por Percy Shelley como Ozymandias, foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C., tendo um dos mais prestigiados reinados da história egípcia nos aspectos econômico, administrativo, cultural e militar. Teve também um dos mais longos reinados da história egípcia, governando a nação por 66 anos. Embora houvesse 11 soberanos com o nome Ramessés no reino do Egito, somente a ele foi atribuído o epíteto de "o Grande".
Durante sua juventude, o príncipe Ramessés foi treinado no exército, o que o tornaria um reconhecido líder militar. Aos 24 anos, Ramessés II ascendeu ao trono. No início de seu reinado, focou em manobras militares, proporcionando aos exércitos maior importância, sendo bem treinados e tratados. Ele também fez construções de fortificações nas fronteiras egípcias que ajudaram na movimentação das tropas e garantiram segurança ao Egito. Além das conquistas militares, a prosperidade de seu reinado, com a construção de enormes templos, contribuiu para que Ramessés II fosse conhecido como “o Grande”.
Sua múmia, preservada no Museu Egípcio no Cairo, é a de um homem idoso com um rosto longo e estreito, nariz proeminente e maxilar maciço. O reinado de conquistas e prosperidades de Ramessés II, o Grande, foi o último pico de poder do reino egípcio. Após sua morte, o Egito conseguiu manter sua soberania. Ele foi um líder notável, exímio militar e administrador competente, fazendo com que o país prosperasse durante seu reinado. Alguns de seus feitos, no entanto, são atribuídos ao seu estilo de publicidade, seu nome e os registros de batalhas encontrados em todo o Egito e na Núbia.
Filho do faraó Seti I e da rainha Tuya, a família de Ramessés não era de origem nobre. Seu avô, Ramessés I, era um general de Horemebe, o último rei da XVIII dinastia, que o nomeou seu sucessor. Aos dez anos, Ramessés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que o declarou herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando ainda era adolescente, acompanhando-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.
Esposas e Filhos
É julgado que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramessés já era casado com Nefertari e Isitnefert. Nefertari foi a mais importante e célebre das esposas de Ramessés, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no 24º ano do reinado de Ramessés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramessés, Amenófis, conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas. Pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.
Iseteneferte é menos conhecida, mas sua presença está melhor atestada no Baixo Egito. Com ela, Ramessés teve um filho que partilhava seu nome, além dos príncipes Khaemuaset e Merneptá (este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais velhos de Ramessés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de Ptá na cidade de Mênfis e organizou as festas Sede, celebradas em honra do pai. A festa Sed era geralmente celebrada no trigésimo aniversário de reinado do faraó e visava simbolicamente regenerar seu poder. Sabe-se que Ramessés celebrou catorze festas desse tipo, a primeira no ano 30, e as seguintes com intervalos de cerca de três anos, celebrando várias praticamente a cada ano no final de sua vida. Khaemuaset, amante de antiguidades, dedicou-se a restaurar vários edifícios e mandou construir galerias subterrâneas em Sacará, onde eram sepultados os bois de Ápis.
Ramessés foi também casado com sua irmã mais nova, Henutmiré (segundo alguns autores, seria sua filha em vez de irmã), e com três de suas filhas: MeritAmom, Bentanat e Nebet-taui. Após a paz com os hititas, Ramessés recebeu uma filha do rei Hatusilli III como presente, casando-se com ela no 34º ano de seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas adotou o nome egípcio de Maathorneferuré. Sete anos depois desse casamento, esposou outra princesa hitita, da qual nada se sabe.
Campanhas Militares
Batalha de Cadexe
Ramessés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional, os hititas, que viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor sírio-cananeu. No 4º ano de seu reinado, Ramessés conduziu uma expedição militar exploratória que alcançou a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, mandou erguer uma estela, cujo texto é hoje ilegível.
No ano seguinte, inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramessés atravessa a fronteira egípcia em Sila e, um mês depois, chega aos arredores da cidade de Cadexe, perto do rio Oronte, com o objetivo de expulsar os hititas do norte da Síria.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, nomeadas em homenagem a um deus da mitologia egípcia: Amom, Ré, Ptá e Seti. O exército aguardou nos arredores de Cadexe, ansioso para cercar a cidade. Dois hititas que se apresentaram como desertores (mas que na realidade eram espiões) enganaram os egípcios, afirmando que os hititas ainda estavam longe de Cadexe. Ramessés decidiu, então, avançar com a unidade Amom que liderava, sem saber que os hititas estavam escondidos a leste de Cadexe. Subitamente, a unidade Amom foi cercada pelos hititas.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Cadexe", gravado nas paredes dos templos de Carnaque, Luxor, Abidos, Abul-Simbel e no Ramesseum, Ramessés foi abandonado pelos soldados e, sozinho em sua carruagem, ficou frente a frente com os hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, fez uma prece a Amom, lamentando-se por seu destino. Amom ouviu sua prece e Ramessés transformou-se em um guerreiro todo-poderoso, enfrentando sozinho os hititas.
A realidade, porém, difere desse relato irreal ao serviço da propaganda faraônica. Acredita-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Cadexe, mas os reforços chegaram a tempo de salvá-los.
Nos anos seguintes do reinado, os combates com os hititas na Síria e Palestina continuaram. No 16º ano do reinado de Ramessés, Mursili III, filho mais novo de Muwatalli II, foi deposto por seu tio Hatusilli III. Após várias tentativas de recuperar o trono, Mursili fugiu para o Egito. Hatusilli III exigiu sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramessés, os hititas mantinham mais um motivo para continuar sua hostilidade.
No 21º ano do reinado de Ramessés, um tratado de paz procurou terminar o conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões: a hitita, escrita em tabuinhas de argila em cuneiforme babilônio e encontrada em Boghaz-Koi, e a egípcia, gravada em duas estelas em Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não resolução do conflito, mas também com o receio gerado pela ascensão da Assíria. Nos termos do tratado, os dois impérios prometeram ajudar-se em caso de agressão externa e dividiram zonas de influência: Canaã e Sinai ficariam sob domínio egípcio, enquanto a Síria ficaria para os hititas.