Concordância entre verbos e o pronome ser
Neste artigo, abordaremos um tema de grande relevância para o estudo dos fundamentos gramaticais: a concordância verbal. Se você tiver questionamentos, o presente texto fornecerá algumas dicas que poderão auxiliá-lo com tais dificuldades. Como resultado, esse processo é capaz de ampliar o seu domínio da língua, sobretudo na modalidade de produção textual. O português é cheio de especificidades que têm de ser conhecidas para que a comunicação não fique ambígua e siga as normas da língua culta. Por isso, a seguir iremos apresentar duas regras com o intuito de explicar um tópico fundamental para o entendimento da concordância verbal, tendo como enfoque a flexão dos verbos e o pronome “ser”.
Concordância
Concordância é quando há correspondência na flexão de dois termos. Ela pode ser dividida em dois tipos:
- Verbal: é quando o verbo adapta-se ao sujeito da frase.
- Nominal: baseia-se na relação entre um substantivo, pronome ou numeral substantivo com os termos usados para caracterizá-los, que são os artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios.
Como norma geral, o verbo concorda com o sujeito da frase em pessoa e número.
O primeiro fato que demanda atenção é que esse pronome pode cumprir duas funções na frase: como pronome apassivador e como índice de indeterminação do sujeito. Recapitulando: Iremos analisar a seguir como se apresentam as condições e como conjugar o verbo em ambas os casos.
Pronome apassivador
Em certos casos, o pronome em destaque está na frase para acompanhar os chamados verbos transitivos diretos, que são aqueles que pedem complementos sem serem precedidos por preposições. Observe por exemplo a sentença abaixo:
A palavra sapatos serve como um complemento para um verbo transitivo direto (consertar).
Portanto, é possível classificá-lo como um objeto direto. Continuando por essa lógica, devemos avaliar qual é a voz expressa na frase. No caso apresentado, tem-se a denominada voz passiva sintética, pois é o sujeito que recebe a ação expressa pelo verbo. Ou seja, a mensagem transmitida é que sapatos são consertados quando passamos a oração para a voz passiva analítica. Desse modo, fica clara a concordância correta entre o sujeito da frase, que são os sapatos, e o verbo consertar.
Tem-se assim uma situação bastante recorrente em que o termo “se” age como tal, tornando obrigatória a flexão verbal apropriada. A seguir, ilustraremos a outra função que a palavra pode assumir: índice de indeterminação do sujeito.
Índice de indeterminação do sujeito
Com o objetivo de esclarecer as características relacionadas a essa segunda aplicação do “se”, confira atentamente as ocorrências que seguem:
- Necessita-se de vendedores com experiência.
- Vive-se em paz nesta cidade.
Nos dois enunciados acima, o verbo foi mantido na terceira pessoa do singular pelas razões que serão evidenciadas a seguir.
Na primeira frase, trabalhamos com um verbo transitivo indireto (necessitar). Afinal, quem necessita, necessita de alguém ou de alguma coisa. Sendo assim, o complemento demanda o “de” para ter sentido completo. No exemplo, o objeto indireto em questão é “de vendedores com experiência”.
Na segunda sentença, temos um verbo intransitivo. Esse tipo de ação possui como principal atributo o fato de oferecer um sentido de conclusão sem requerer nenhum outro termo. Em ambas as frases, temos um sujeito indeterminado. Com isso, o verbo deve ser conjugado sempre na 3ª pessoa do singular. A mesma regra vale para os verbos de ligação como ser, estar, continuar, permanecer, entre outros. Veja por exemplo:
Era-se mais contente antes.
A partir dessas proposições, ficam evidenciados os dois modelos em que o “se” é usado como índice de indeterminação do sujeito:
- Quando o termo acompanha verbos transitivos indiretos (VTI);
- Quando o verbo da frase é intransitivo (VI) (prestar atenção também nos verbos de ligação).
Boa parte dos gramáticos não considera o “se” um pronome nesses cenários.
Recapitulando
- A concordância verbal é imprescindível para a boa compreensão da frase;
- Uma das circunstâncias a serem observadas na concordância verbal é quando se usa o pronome “se” depois do verbo;
- Para saber se o verbo irá ser conjugado na 3ª pessoa do singular ou poderá variar, é necessário verificar se o verbo é transitivo direto, transitivo indireto ou intransitivo;
- O “se” pode cumprir tanto o papel de pronome apassivador quanto de índice de indeterminação do sujeito;
- Quando o verbo da frase é um verbo transitivo direto na 3ª pessoa (plural ou singular) e, por isso, requer o complemento de um objeto direto, o “se” aparece como um pronome apassivador;
- Se o verbo é transitivo indireto ou intransitivo, o “se” assume a função de índice de indeterminação do sujeito;
- Quando temos um sujeito indeterminado na sentença, o verbo é mantido na 3ª pessoa do singular.
Com essas explicações a respeito de todos os casos de concordância entre os verbos e o pronome “se”, você está preparado para efetuar exercícios sobre o assunto e aplicar as regras na sua escrita. Bons estudos!
