RNA
RNA de interferência: Uma descoberta revolucionária
O RNA de interferência, também conhecido como RNAi, foi descoberto na década de 1990. A compreensão desse mecanismo revolucionou a maneira como o funcionamento da célula era visto. Os pesquisadores Andrew Z. Fire e Craig C. Mello, responsáveis pela descrição do RNAi, foram agraciados com o Prêmio Nobel em Medicina e Fisiologia no ano de 2006.
Com exceção de bactérias e vírus, o mecanismo de RNAi está presente em todos os organismos vivos. Ele existe naturalmente nas células do nosso corpo, tornando-se assim uma ferramenta importante para a biotecnologia.
RNA de interferência: Uma descoberta inesperada
O primeiro indício da existência do mecanismo de RNA de interferência ocorreu durante experimentos com petúnias, onde pesquisadores tentaram intensificar a cor violeta das flores. Surpreendentemente, as plantas geneticamente modificadas apresentaram regiões brancas, indicando um bloqueio do pigmento violeta, o que ficou sem explicação por alguns anos.
Somente em 1998, Andrew Z. Fire e Craig C. Mello descreveram o mecanismo de RNAi, elucidando seu funcionamento em células de um nematoide, o Caenorhabditis elegans.
O estudo que descreveu o RNAi
Os pesquisadores descobriram que o RNAi era causado por moléculas de RNA de fita dupla (dsRNA). Estas moléculas são quebradas por uma proteína de defesa natural chamada Dicer, gerando pequenos RNAs de interferência (siRNA), que são os verdadeiros responsáveis pelo silenciamento gênico.
O silenciamento ocorre porque essas moléculas de siRNA interagem com o RNA mensageiro (mRNA), interferindo na produção de proteínas. Esse processo, conhecido como silenciamento gênico a nível pós-transcricional (PTGS), tornou-se uma ferramenta biotecnológica para "desligar" genes sem alterar diretamente o DNA.
Um universo de possibilidades
O RNAi oferece muitas aplicações. Ele pode ser utilizado para compreender melhor a função de genes, desenvolver novos tratamentos para doenças genéticas, virais, e até criar cultivares de plantas mais resistentes e produtivas. O RNAi também pode ser usado no desenvolvimento de defensivos agrícolas, introduzindo genes silenciadores em plantas para controlar pragas específicas sem efeitos negativos para o meio ambiente ou a saúde humana.
Primeiro produto com RNAi para humanos
Em 2018, o FDA aprovou o primeiro fármaco baseado em RNAi para tratar a amiloidose hereditária de transtirretina, doença que afeta o coração e o sistema nervoso. Esse produto foi aprovado no Brasil pela Anvisa em 2020, representando um avanço significativo no tratamento de doenças genéticas.
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