Primeiro Concílio de Niceia
O Primeiro Concílio de Niceia foi um Concílio de Bispos cristãos, reunidos na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, província de Bursa, Turquia) pelo Imperador Romano Constantino I em 325. Constantino I organizou o Concílio nos moldes do Senado Romano e o presidiu, mas não votou oficialmente.
Este concílio ecumênico foi a primeira tentativa de alcançar um consenso na Igreja através de uma assembleia representando toda a cristandade. Ósio, bispo de Córdoba, provavelmente um legado papal, pode ter presidido suas deliberações.
Seus principais feitos foram a resolução da questão cristológica da natureza divina de Jesus e sua relação com Deus Pai; a construção da primeira parte do Credo Niceno; a correção da data da Páscoa e a promulgação da lei canônica em sua primeira forma.
O Primeiro Concílio de Niceia foi o primeiro concílio ecumênico da Igreja. Seus feitos resultaram em um dos primeiros símbolos da fé e doutrina cristã, chamado de Credo Niceno. Com a criação deste credo, estabeleceu-se um precedente para os concílios locais e regionais subsequentes (Sínodos), realizados pelos bispos, para criar declarações de crença e cânones da ortodoxia doutrinária — com a intenção de definir a unidade das crenças para toda a cristandade.
Derivado do grego koiné (em grego: οἰκουμένη; romaniz.: oikouménē, "o habitado"), "ecumênico" significa "no mundo todo; de âmbito geral, universal". O termo, de modo geral, foi usado para se referir à Terra conhecida e habitada, o que naquele momento da história se referia em grande parte ao Império Romano. Os primeiros usos do termo aplicados a um concílio são em "Vida de Constantino", escrito por Eusébio de Cesareia em torno de 338, no qual ele afirma que "ele convocou um concílio ecumênico" (em grego: σύνοδον οἰκουμενικὴν συνεκρότει; romaniz.: sýnodon oikoumenikḕn synekrótei), e numa carta ao Papa Dâmaso I e aos bispos latinos do Primeiro Concílio de Constantinopla em 382.
Um dos propósitos do concílio foi resolver as divergências que surgiram dentro da Igreja de Alexandria sobre a natureza de Jesus e sua relação com o Pai. Discussões sobre a origem do Filho envolveram dois posicionamentos: se ele não teve começo e foi gerado pelo Pai a partir de seu próprio ser ou se teve começo e foi criado do nada. Alexandre e Atanásio, ambos de Alexandria, tomaram a primeira posição e o popular presbítero Ário, de quem vem o termo arianismo, tomou a segunda. O concílio decidiu, esmagadoramente, contra os arianos. De aproximadamente 318 participantes, todos, com exceção de dois, concordaram em assinar o credo e estes dois, juntamente com Ário, foram banidos para a Ilíria.
Outro resultado do concílio foi um acordo sobre quando celebrar a Páscoa, a mais importante festa do calendário eclesiástico, decretado em uma epístola à Igreja de Alexandria na qual se diz:
“Nós também enviamos como boas novas do acordo à sagrada Páscoa, isto é, em resposta às suas orações, esta questão também foi resolvida. Todos os irmãos do Oriente que até o momento seguiram uma prática judaica, a partir de agora, observarão o traje dos romanos e de vocês e todos nós que, desde os tempos antigos, mantivemos uma Páscoa juntamente convosco.”
Historicamente significativo como o primeiro esforço para alcançar um consenso na Igreja através de uma Assembleia representando toda a cristandade, o Concílio foi a primeira ocasião em que os aspectos técnicos da cristologia foram discutidos. Por meio dele, ajustou-se um precedente para os concílios gerais posteriores adotarem credos e cânones. Este concílio é, geralmente, considerado o início do período dos primeiros sete concílios ecumênicos da história do cristianismo.