Oxalaia
*Oxalaia* é um gênero de dinossauros terópodes espinossaurídeos que viveram no que hoje é a Região Nordeste do Brasil, durante o andar Cenomaniano do período Cretáceo Superior, entre 100,5 e 93,9 milhões de anos atrás. Seus únicos fósseis conhecidos foram encontrados em 1999 na Ilha do Cajual, nas rochas da Formação Alcântara, que é conhecida por sua abundância de espécimes fósseis fragmentados e isolados. Os restos de *Oxalaia* foram descritos em 2011 pelo paleontólogo brasileiro Alexander Kellner e seus colegas, que atribuíram os achados a um novo gênero contendo apenas uma espécie, *Oxalaia quilombensis*. O nome genérico faz referência à divindade africana Oxalá, enquanto o descritor específico homenageia os assentamentos quilombolas brasileiros. *Oxalaia quilombensis* é a oitava espécie de terópode encontrada no Brasil e o maior dinossauro carnívoro descoberto no país. Está intimamente relacionado com o gênero africano *Spinosaurus* e pode ser considerado um sinônimo júnior desse táxon.
Embora *Oxalaia* seja conhecido apenas a partir de dois ossos cranianos parciais, Kellner e sua equipe descobriram que seus dentes e crânio apresentavam características distintas não vistas em outros espinossaurídeos ou terópodes, incluindo dois dentes de substituição em suas cavidades e um palato secundário. O habitat de *Oxalaia* era tropical, densamente arborizado e rodeado por uma paisagem árida. Esse ambiente compartilhava muitas formas de vida com o Cretáceo do norte da África, devido à conexão entre a América do Sul e a África como partes do supercontinente Gondwana. Como um espinossaurídeo, os traços do crânio e da dentição de *Oxalaia* indicam um estilo de vida parcialmente piscívoro, semelhante ao dos crocodilianos modernos. Evidências fósseis sugerem que os espinossaurídeos também predavam outros animais, como pequenos dinossauros e pterossauros.
Características Físicas
A pré-maxila do holótipo de *Oxalaia* tem aproximadamente 201 milímetros (7,9 polegadas) de comprimento, com uma largura preservada de 115 milímetros (4,5 polegadas), sendo estimada uma largura original máxima de 126 milímetros (5,0 polegadas) e uma altura de 103 milímetros (4,1 polegadas). Com base no material esquelético de espinossaurídeos relacionados, o crânio de *Oxalaia* teria cerca de 1,35 metros (4,4 pés) de comprimento, sendo menor que o crânio de *Spinosaurus*, que mede cerca de 1,75 metros (5,7 pés). Kellner e sua equipe compararam o espécime de *Spinosaurus* (MSNM V4047) com o focinho de *Oxalaia* e, com base nessa comparação, estimaram que *Oxalaia* teria entre 12 e 14 metros de comprimento e pesaria entre 5 e 7 toneladas (5,5 a 7,7 toneladas curtas; 4,9 a 6,9 toneladas longas), tornando-se o maior terópode conhecido do Brasil. O segundo maior, *Pycnonemosaurus*, foi estimado em 8,9 metros (29 pés) por um estudo posterior.
Estrutura do Crânio
A ponta do rostro (focinho) de *Oxalaia* é ampliada e a extremidade traseira contraída, assumindo a forma de uma roseta terminal característica dos espinossaurídeos. Esse formato está relacionado à frente expandida do dentário (osso que suporta os dentes da mandíbula). O rostro de *Oxalaia* apresenta forames (orifícios) amplos e profundos, possivelmente canais nutritivos para vasos sanguíneos e nervos. O formato do crânio de *Oxalaia* é mais arredondado em vista lateral, ao contrário de *Spinosaurus*, cuja mandíbula superior termina em um ângulo descendente mais agudo. As maxilas mostram um par de processos alongados e finos que se estendem para a frente ao longo da linha mediana do céu da boca, entre as pré-maxilas e criando uma fenda em forma de triângulo em sua extremidade frontal. Processos semelhantes estão presentes em *Suchomimus*, *Cristatusaurus* e outras amostras, mas não são tão expostos. Essas estruturas compõem o palato secundário de *Oxalaia*.
