Natividade (Christus)
Natividade é uma pintura devocional, a óleo sobre madeira, de meados da década de 1450, do pintor flamengo Petrus Christus. Mostra uma cena da Natividade, com arcadas em grisaille e relevos esculpidos em trompe-l'oeil. Christus foi influenciado pela primeira geração de artistas flamengos, nomeadamente Jan van Eyck e Rogier van der Weyden, e o painel apresenta as características da simplicidade e do naturalismo artísticos daquele período. O enquadramento com utilização de arcadas é característico de van der Weyden, sendo provável que o Altar de São João e o Retábulo de Miraflores tenham servido de inspiração para esta pintura.
Mesmo assim, Christus adapta esses motivos pictóricos com uma sensibilidade única em meados do século XV, e o invulgar painel de grande dimensão — talvez o painel central de um retábulo tríptico — é rico em nuances e visualmente complexo. A pintura revela a sua habitual harmonia na composição e utilização de perspetiva de um único ponto de fuga, especialmente evidentes nas formas geométricas do tecto do barracão, e emprego de cores marcantes. É um dos trabalhos mais importantes de Christus. Max Friedländer atribuiu a pintura a Christus em 1930, concluindo que "no âmbito e importância, [ela] é superior a todos os trabalhos conhecidos deste mestre".
A atmosfera geral da pintura é de simplicidade, serenidade e uma sofisticação discreta. Reflecte as características do movimento Devotio Moderna do século XIV e contém uma complexa simbologia cristã, justapondo, de forma subtil, iconografia do Antigo e Novo Testamentos. As figuras esculpidas na arcada descrevem cenas bíblicas de pecado e punição, marcando o advento de Cristo com uma mensagem exagerada da "Queda e Redenção da Humanidade". No interior da arcada, rodeada por quatro anjos, encontra-se a Sagrada Família; mais atrás, uma paisagem estende-se pelo fundo da pintura.
Os historiadores de arte estimam que a data de conclusão do painel se situa entre as décadas de 1440 e 1460, sendo o ano de 1455 o mais provável. A pintura foi adquirida por Andrew Mellon nos anos 1930 e foi uma das centenas, da sua colecção pessoal, que foram doadas à Galeria Nacional de Arte em Washington. Sofreu alguns danos ao longo do tempo, tendo sido restaurada no início da década de 1990 para uma exposição no Metropolitan Museum of Art.