Áptera (cidade) História !!
No século IX a.C., Creta beneficiava de condições favoráveis ao desenvolvimento de novas cidades, como Eleuterna, Lapa, Licto, Cidónia e Áptera. Esta última teria sido fundada durante o período geométrico, no século VIII a.C., segundo escavações realizadas na necrópole da cidade. Áptera pode ter sido, pelo menos num período inicial, uma cidade "industrial". Na região existiam então minas que eram exploradas desde o período minoico. Em Mesclá, a antiga Ceraia (Κεραια), situada a três ou quatro horas de marcha de Áptera, extraía-se ferro e cobre, mas a zona de Áptera é conhecida principalmente através dos dáctilos ideanos, que segundo a lenda descobriram o fogo, o cobre e o ferro, bem como a arte de trabalhar esses metais na região dos apteranos. Os dáctilos viviam perto do monte Berecinto. Nessa zona, no que foi até 2011 o município de Maláxa, situado cerca de 10 km por estrada a oeste de Áptera, havia uma das minas mais antigas da Europa.
O que se sabe da cidade provém sobretudo das escavações, pois há poucas menções escritas. Não obstante, Pausânias relata que em 668 a.C. os arqueiros de Áptera participaram na Segunda Guerra Messénia ao lado de Esparta. No século V a.C., como o conjunto das cidades cretenses, Áptera não participou nas Guerras Médicas, apesar de não ter rompido as suas relações comerciais com Atenas, a crer nas cerâmicas importadas encontradas nas escavações que datam desse período.
Como numerosas cidades de Creta, a cidade prosperou no século IV a.C. Tinha então até oito aldeias nos arrabaldes, situadas no sopé da colina, no vale de Stílos. Célebre pela habilidade dos seus arqueiros, Áptera forneceu mercenários a vários conflitos fora de Creta que depois trouxeram riquezas para a sua cidade de origem. Encontravam-se também mercenários de Áptera entre os numerosos piratas do mar Egeu. A prata, importada do Egito e da Cirenaica, permitia à cidade cunhar as suas próprias moedas e assim reforçar a sua independência e poderio económico. A maior parte dessas moedas — conhecem-se 76 tipos diferentes — representam a deusa Ártemis no anverso com a inscrição APTARAION ou APTERAION e Pteras no reverso. Outras moedas tinham os retratos de Zeus, Apolo ou Hera no anverso e uma tocha, uma abelha ou um arco no reverso. Os arqueólogos estimam que a população da cidade nesse período fosse de 20.000 habitantes, dos quais um quinto eram homens livres e o resto escravos. Muitos dos homens livres eram comerciantes, proprietários de terra ou armadores.
Áptera voltou a estar ao lado de Esparta contra os macedónios na guerra cremonidiana em 267–266 a.C. Os conflitos internos pelos quais passou Creta no século III a.C., principalmente entre Cnossos e Gortina, levaram a que Áptera se aliasse quase sempre com Cnossos. Depois da destruição de Licto por Cnossos, durante a guerra de Licto, em 220 a.C., os aliados de Cnossos (Cidónia, Eleuterna e Áptera) viram-se cercados pelos aliados de Gortina (Lapa e Polirrénia), bem como pelo exército de Filipe V da Macedónia. Áptera acabou por se juntar a Gortina, que então se tinha tornado a principal cidade de Creta.
A intensa atividade de Áptera em matéria de política externa é confirmada nas inscrições acerca das alianças e pela nomeação de cônsules que representaram a cidade em numerosas cidades. Houve cônsules de Áptera não só nas cidades cretenses de Cnossos, Hierapitna e Mália, mas também no Peloponeso, no Egeu, na Ásia Menor e nas costas do Adriático. Áptera encontra-se entre as trinta cidades que se aliaram ao rei de Pérgamo, Eumenes II, em 183 a.C. A cidade homenageou Átalo II de Pérgamo erigindo uma estátua de bronze com a sua efígie.
Cultos Religiosos
Os vestígios de culto mais antigos descobertos datam do século VIII a.C. e foram encontrados perto do templo bipartido atribuído ao culto de Ártemis e Apolo. Este templo, descoberto em 1942, data possivelmente do século V a.C. A deidade central de Áptera era Ártemis. Além desse templo, o retrato da deusa foi encontrado em dois tipos de moedas de prata dos séculos IV e III a.C. Sabe-se por uma inscrição que, nos séculos III e II a.C., se celebravam corridas em sua honra no mês de Dictinaion, ou seja, no mês de Díctina, uma forma arcaica de Ártemis em Creta. Há também uma menção a um santuário de Ártemis em outra inscrição relativa à renovação de uma aliança com a cidade jónica de Teos, na Ásia Menor, em 170 a.C. Uma outra inscrição votiva refere-se a Ártemis com o nome de Ilítia, a deusa do nascimento. Houve outros deuses e deusas adorados em Áptera. Os investigadores alemães puseram a descoberto um templo dedicado a Dionísio e foram encontradas moedas com os retratos de Hermes, Zeus e Héstia ou Hera.