Fim do carro?
Essas iniciativas parecem decretar a morte dos carros, mesmo dos elétricos.
De fato, as pessoas estão comprando menos veículos de passeio. A empresa de engenharia Bosch acredita que o número de carros novos sendo vendidos globalmente será de cerca de 100 milhões por ano em alguns anos, já que os jovens, em particular, vêm optando por outras maneiras de se locomover.
"Estamos caminhando em direção a uma geração de compartilhamento", diz Srinivasan. "Por que gastar em um carro que fica parado durante 90% do tempo?"
O compartilhamento de carros vem apresentando um crescimento de dois dígitos nos últimos anos, de acordo com a consultoria Deloitte. E o mercado global deve crescer de cerca de 19,3 milhões de usuários em 2017 para quase 52 milhões em 2022, segundo o instituto de pesquisa Berg Insight.
"A ocupação média dos veículos é de 1,4 pessoas", diz Sven Beiker, da Silicon Valley Mobility.
Se conseguíssemos elevar essa taxa para duas pessoas, economizaríamos quase metade de todas as viagens", acrescenta.
E se os carros elétricos e autônomos se tornarem simplesmente uma das muitas maneiras de ir de A a B, por que nos importaremos com sua marca ou desempenho? As montadoras tradicionais podem enfrentar uma concorrência crescente de empresas de tecnologia, como Uber, Google ou Amazon.
Por essa teoria, o carro deixaria de ser um símbolo de status e se tornaria apenas um serviço sob demanda. Isso representaria, portanto, um desafio para as fabricantes de automóveis, que gastaram bilhões de dólares em marketing para construir sua imagem por décadas.
A americana Ford, por exemplo, decidiu reduzir seu portfólio de carros na América do Norte e concentrar-se apenas em dois modelos, investindo pesadamente em motores híbridos-elétricos.
Várias montadoras também têm investido em empresas de compartilhamento de carros - a Daimler possui a Car2go, enquanto a BMW é dona da DriveNow e da ReachNow, enquanto a General Motors controla a Maven, por exemplo. Já as alemãs vêm fundindo suas operações de compartilhamento de carros em uma tentativa de ganhar escala.
Mas as fabricantes de veículos não vão jogar a toalha tão cedo. Cada vez mais, vêm investindo em veículos sem motorista, que podemos adaptar às nossas necessidades, seja dormindo, trabalhando, assistindo a um filme ou ouvindo música.
No interior do EZ-Ultimo, o carro-conceito autônomo da Renault, assentos móveis parecidos com poltronas ficam frente a frente, enquanto acabamentos em mármore e madeira de nogueira aumentam a sensação de luxo.
"É um lounge, uma extensão da sua casa", diz Laurens van den Acker, designer-chefe da Renault.
A Renault diz que planeja lançar muito mais "veículos-robôs" até 2022.