Transexualidade
Transexualidade refere-se à condição do indivíduo cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento. Uma pessoa transexual pode procurar fazer transição social para outro gênero, através da forma como se apresenta ou de processos no corpo (com ou sem ajuda de equipe médica), podendo ser redesignação sexual ou apenas feminilização/masculinização, dependendo do gênero a ser transicionado (administração de hormônios, cirurgias plásticas e cirurgia de redesignação sexual).
A feminilização/masculinização envolve os aspectos comportamentais, de vestimenta e biológicos anatômicos, sendo os dois primeiros ligados meramente a questões sociais e o último ligado ao dimorfismo sexual na espécie humana.
A França, onde a transexualidade deixou de ser considerada um transtorno mental em 2010, foi o primeiro país a tomar esta decisão. Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a transexualidade da lista de transtornos mentais; porém, continua na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), mas em uma nova categoria, denominada "saúde sexual".
Definições
Se entende como transexual o indivíduo que não apresenta a disforia em função de outro transtorno, tal como esquizofrenia, nem está associado a qualquer condição intersexual, genética ou do cromossomo sexual, e quando há persistência do transtorno durante um longo período de tempo, que a OMS quantifica como no mínimo de dois anos. Segundo a mesma, só pode ser considerado como transexual aquele que demonstra angústia e aversão ao seu sexo biológico, buscando tratamento médico para congruir seu corpo ao sexo pretendido.
Alguns consideram que as mudanças provocadas por tratamento hormonal, sem alterações cirúrgicas, são suficientes para qualificar o uso do termo transexual, ideia essa baseada em alterações físicas ligadas ao dimorfismo sexual. Outros, especialmente agentes de saúde, acreditam que existe um conjunto de procedimentos que devem ser seguidos de acordo com cada caso e não de forma padronizada para todos.
O público em geral muitas vezes define "transexual" como alguém que fez ou planeja fazer uma cirurgia de "mudança de sexo". Uma definição mais simples, utilizada por alguns autores, considera como transexual alguém que se identifica com o gênero oposto. O termo corrente para definir mudanças de características sexuais é Cirurgia de Reatribuição Sexual - CRS (Sex Reassignment Surgery - SRS, em inglês), um termo que reflete a ideia de que as pessoas transexuais não estão “mudando de sexo”, mas corrigindo seus corpos. Entretanto, tem sido comumente aceito que o desejo de pertencer ao gênero oposto ou a afirmação de que determinada pessoa é do gênero oposto ao gênero designado no nascimento já é condição suficiente para alguém ser transexual. Em contraste, algumas pessoas transgêneros muitas vezes não se identificam como sendo ou querendo pertencer ao gênero oposto, mas como sendo ou querendo ser do gênero oposto.
Transexualidade (também conhecida como neurodiscordância de gênero) é um termo entre os comportamentos ou estados que abrigam o termo transgênero. Transgênero é considerado um termo guarda-chuva para pessoas que fogem dos papéis sociais de gênero. Entretanto, muitas pessoas da comunidade transexual não se identificam como transgênero. Alguns veem transgênero como descaracterização e não reconhecimento de suas identidades porque, para estes, o termo significa uma "quebra de papéis sociais de gênero", quando de fato veem a si mesmos como pertencendo a um papel de gênero diferente do que lhes foi designado no nascimento.
Pessoas transexuais são muitas vezes definidas como pertencentes à comunidade LGBTQ+ ou queer e algumas se identificam dentro da comunidade; outros não, ou preferem não usar o termo. Deve ser ressaltado que a transexualidade não está associada ou é dependente da orientação sexual. Mulheres e homens transexuais exibem uma gama de orientações sexuais, da mesma forma que os cissexuais (não-transexuais). Eles sempre usam termos para sua orientação sexual que estejam relacionados com o gênero final. Por exemplo, alguém designado como do gênero masculino no nascimento, mas que se identifica como uma mulher e que é atraída apenas por homens, irá identificar-se como heterossexual, não como gay; da mesma forma, alguém que foi designado como do sexo feminino no nascimento, se identifica como homem e prefere parceiros homens irá se identificar como gay, não como heterossexual.
Em outra abordagem, velhos textos médicos descrevem, com frequência, a transexualidade como uma variante da orientação sexual em relação ao sexo designado e não como uma variante do gênero ou da identidade; em outras palavras, referem-se a uma transexual MtF (de Homem para Mulher, do inglês Male-to-Female) que é atraída por homens como "um homossexual transexual masculino". Atualmente considera-se os termos MtF e FtM como cientificamente imprecisos e clinicamente insensíveis. Hoje, tais pessoas seriam chamadas, e provavelmente se identificam, como uma mulher trans-heterossexual (para MtF) e vice-versa para FtM.
Um certo número de pessoas de fora da comunidade transexual mantém o uso de termos em referência a pessoas transexuais associadas ao seu sexo de nascimento (por exemplo, chamando uma mulher transexual como "ele"). Esse uso é considerado no mínimo uma insensibilidade. Mulheres transexuais, não confundindo com travestis, palavra que vem de trans-vestir, que sequer almejam uma cirurgia de reatribuição de sexo, preferem ser chamadas como "elas" no convívio social.
Transexualidade não deve ser confundida com crossdressing ou com o comportamento drag queen, que pode ser devolvido como transgêneros, mas não transexuais. Também, o fetichismo da travestilidade normalmente não tem quase nada, ou nada, a ver com transexualidade, pois não apresenta o desejo real pela mudança de sexo. Nessa linha, também é necessário separar o fetichismo da travestibilidade das travestis que se identificam, de forma contumaz, com o sexo oposto ao do nascimento.