Monjolo
O monjolo é uma máquina hidráulica rústica, destinada ao beneficiamento e moagem de grãos. Essa ferramenta foi importante, pois dispensava o uso de mão-de-obra escrava, que anteriormente utilizava um pilão para triturar grãos de milho ou arroz.
Funcionamento e Aplicações
O monjolo pode ser usado para descascar e triturar grãos secos, resultando em uma farinha mais espessa. Diversos alimentos, como fubá e farinha de milho, eram produzidos através do esmagamento nos monjolos. A ferramenta tem a capacidade de socar até trinta litros de milho em uma hora e meia. A expressão popular "trabalhar de graça, só monjolo" surgiu dessa prática.
Com o efeito gangorra, a água impulsiona a ferramenta, permitindo seu movimento. Em uma extremidade, uma concha é enchida com água, fazendo com que a outra parte, equipada com uma estaca, se levante. Ao esvaziar a cuba, o movimento se inverte. Assim, os grãos são socados e moídos dentro de um pilão. Embora essa tarefa seja mais demorada em comparação com equipamentos elétricos atuais, há uma considerável economia de energia.
Além da função primária de descascar e moer grãos, o monjolo também desempenha um papel importante nas fazendas do interior do Brasil ao espantar pacas e lontras que se alimentavam das plantações. A cada batida do monjolo no fundo do cocho, respeitando a periodicidade que a água impõe, um som de madeira ecoa pela mata, assustando e afastando os animais.
História do Monjolo
De acordo com inventários do século XIX, foi possível descrever os monjolos e o nível de desenvolvimento técnico envolvido nessa ferramenta. Os estudiosos acreditam que Brás Cubas, um fidalgo português que esteve na Ásia com Martim Afonso de Sousa, trouxe da China o primeiro monjolo, que foi instalado na capitania de São Vicente. Os indígenas brasileiros denominaram o utensílio de "em guaguaçu", que significa "o grande pilão". A palavra "monjolo" tem, provavelmente, origem sânscrita, vindo de "mucala", que significa pilão para descascar arroz.
Embora o monjolo seja popularmente associado à cultura indígena, o historiador Sérgio Buarque de Holanda ressalta que a ferramenta era antes desconhecida por essa cultura. Segundo ele, a máquina chegou ao Brasil oriunda do Japão, China e Indochina, onde era utilizada para descascar arroz.
O monjolo é mais rápido que o pilão, ferramenta que antes realizava o trabalho que o monjolo modernizou, e não necessita da presença e esforço físico humano para seu funcionamento. Ele opera com a força da água, que desce pelo rego d'água, fazendo o trabalho de socar alternadamente a mão de pilão, descascando arroz, milho e café.
Toponímia
A utilização do monjolo ainda está presente na toponímia de uma extensa região brasileira. A região que vai do centro-norte de Minas Gerais até o norte do Rio Grande do Sul, passando por parte de Goiás e Mato Grosso, possui pelo menos 62 localidades que levam o nome desse rústico instrumento: 31 em Minas Gerais, 16 em São Paulo, seis no Paraná, três no Mato Grosso, três no Rio de Janeiro, duas no Rio Grande do Sul e uma em Goiás. O total seria ainda maior se incluíssemos os nomes de rios ou riachos que correm pela região.