Rã-Quatro-Olhos
A rã-quatro-olhos (Physalaemus nattereri, antiga nomenclatura: Eupemphix nattereri) é uma espécie de anuro da família Leptodactylidae, nativa do Brasil, Bolívia e Paraguai. Ela é encontrada em áreas de savana e do Cerrado, estando sempre próxima a corpos d'água permanentes ou temporários, como poças e pântanos, onde costuma nidificar. Não está adaptada a locais com ação antrópica.
Características Físicas
Os machos dessa espécie possuem comprimento médio de 4,7 centímetros, enquanto as fêmeas atingem 5,1 centímetros. A cor do dorso varia do marrom-claro ao marrom-escuro ou avermelhado, com um mosaico de manchas ou listras mais escuras. O ventre é marrom-claro com manchas escuras. Uma das características mais marcantes da rã-quatro-olhos é a presença de um par de ocelos na região traseira do corpo, que torna a espécie inconfundível em seu habitat. Além disso, seus testículos e outros órgãos, como os rins e o baço, apresentam coloração peculiar devido à grande presença de melanócitos.
Comportamento e Defesa
A rã-quatro-olhos possui uma dieta generalista e oportunista, alimentando-se principalmente de isópteros e himenópteros. Apesar de seu veneno ser extremamente forte e suas estratégias de defesa serem eficazes, ela pode ser predada por aves, besouros e baratas d'água, seus maiores predadores. Para se defender, a rã adota um comportamento deimático, no qual infla os pulmões, abaixa a cabeça e eleva a parte posterior do corpo, mostrando os ocelos para assustar os predadores, fazendo-se parecer maior. Seus ocelos são também equipados com macroglândulas de veneno, que produzem uma toxina de ação rápida e com uma dose letal mediana equivalente à de uma jararaca.
Reprodução
A reprodução da rã-quatro-olhos é explosiva, ocorrendo de forma sincrônica entre todos os indivíduos e durando poucos dias, entre outubro e janeiro. Os machos se agrupam em coro e vocalizam após chuvas fortes, com mais de 50 milímetros, atraindo as fêmeas. O coaxar possui notas simples, multipulsionadas e harmônicas. Durante o amplexo, que é axilar, o casal se desloca para a beira do corpo d'água, onde a fêmea e o macho produzem um ninho de espuma a partir de um muco secretado pela fêmea e pela fricção das patas traseiras do macho. Esse ninho contém cerca de 3.500 ovos. Os girinos são marrom-acinzentados e possuem corpo globoide, e sua metamorfose dura de 20 a 30 dias.
Características Únicas
Uma das características incomuns da rã-quatro-olhos é a pigmentação dos testículos e outros órgãos, algo raro entre os anuros. Essa pigmentação é causada por uma abundância de melanócitos, o que é possivelmente relacionado ao sistema vascular desses tecidos. A presença de ocelos no dorso, uma característica única desta espécie, também a distingue de outras rãs da região, como a Physalaemus deimaticus, que tem um padrão de mosaico diferente e é encontrada apenas na Serra do Cipó, em Minas Gerais.