Prússia
Prússia (em alemão: Preußen, em polonês/polaco: Prusy) é uma região histórica que se estende desde a baía de Gdańsk (na Polônia), o final da Curlândia (na costa sudeste do mar Báltico, na Letônia), até a Masúria, no interior do que é atualmente território polaco. O nome Prússia tem sua origem histórica nos prussianos, um povo báltico que habitava a área em torno das lagunas da Curlândia e do Vístula (no que é hoje o norte da Polônia). A região e os habitantes foram descritos pela primeira vez por Tácito em sua obra Germânia no ano de 98 d.C., no período em que suevos, godos e outros povos germânicos viviam em ambas as margens do rio Vístula, ao lado dos éstios, os povos do leste.
Na década de 1230, o território dos prussianos, e dos povos vizinhos curônios e livônios, estava sob o controle do Estado da Ordem Teutónica.
Origem Histórica
O termo é aplicado a uma série de Estados históricos homônimos centrados na região histórica e que deram origem ao Ducado da Prússia e à Marca de Brandemburgo. Durante séculos, a Casa de Hohenzollern governou com sucesso a região, expandindo seu tamanho por meio de um exército bem organizado e eficaz. A Prússia moldou a história da Alemanha, tendo como sua capital Berlim depois de 1451. Em 1871, os Estados alemães se uniram com a criação do Império Alemão, sob liderança prussiana. Em novembro de 1918, as monarquias foram abolidas e a nobreza perdeu seu poder político. A Prússia foi efetivamente abolida em 1932, e oficialmente em 1947.
Conquista Teutônica
No século XIV, os cruzados alemães — os Cavaleiros Teutônicos — conquistaram os prussianos. Em 1308, os Cavaleiros Teutônicos conquistaram a região da Pomerélia e Gedano (Danzigue). O Estado da Ordem Teutônica foi germanizado principalmente pela imigração da Alemanha central e ocidental, e foi polonizado por colonos de Mazóvia. A Segunda Paz de Toruń (1466) dividiu a Prússia nas regiões Ocidental — a Prússia Real, uma província do Reino da Polônia, que posteriormente ficou sob proteção da República das Duas Nações — e a parte Oriental — o Ducado da Prússia (a partir de 1525), um feudo da Coroa da Polônia até 1657.
A unidade de ambas as partes da Prússia foram preservadas pela manutenção das suas fronteiras, da cidadania de seus habitantes e da sua autonomia política.
Reino da Prússia
A união de Brandemburgo e o Ducado da Prússia em 1618 culminou na proclamação do Reino da Prússia, em 1701, quando o país se tornou uma das grandes potências de sua época, com maior influência nos séculos XVIII e XIX. Durante o século XVIII, sob o reinado de Frederico, o Grande, a nação teve uma grande influência em muitos assuntos internacionais. Durante o século XIX, o chanceler Otto von Bismarck uniu os principados alemães numa Pequena Alemanha, que excluía o Império Austríaco.
No Congresso de Viena (1814-1815), que redesenhou o mapa político da Europa após a derrota de Napoleão, a Prússia adquiriu uma grande parte do noroeste do que atualmente é a Alemanha, incluindo o Vale do Ruhr, uma região rica em carvão. O reino então cresceu rapidamente na influência econômica e política, quando, em 1867, tornou-se o núcleo da Confederação da Alemanha do Norte e, em 1871, do Império Alemão. Neste período, a Prússia era tão grande e tão dominante na nova Alemanha que os junkers e outras elites prussianas eram cada vez mais identificadas como alemães e cada vez menos como prussianos.
Abolição da Prússia
O reino foi dissolvido em 1918, durante a Revolução Alemã de 1918-1919, que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1932, seu Estado sucessor, a República de Weimar, perdeu quase toda a importância jurídica e política que a Prússia havia conquistado. Posteriormente, as velhas elites prussianas acabaram por desempenhar um papel passivo após a criação da Alemanha nazista; a Prússia foi legalmente abolida em 1940. A Prússia Oriental perdeu toda a sua população alemã depois de 1945, quando a Polônia e a União Soviética anexaram seu território. Desde então, a área está dividida entre o norte polonês (a maioria da Vármia-Masúria), o exclave russo de Caliningrado e o sudoeste da Lituânia (na região da Klaipeda).
Legado
O termo "prussiano" tem sido frequentemente utilizado, especialmente fora da Alemanha, para enfatizar características como profissionalismo, agressividade, militarismo e conservadorismo da classe junker de aristocratas. A região é famosa por conta de seus muitos lagos, assim como florestas e montanhas.
Influência Viking e Colonização
Nos séculos VII e VIII, os viquingues também começaram a penetrar a costa oriental do mar Báltico. Os maiores centros de comércio dos prussianos, como Truso e Kaup, parecem ter absorvido alguns viquingues. Prussianos usavam o mar Báltico como uma rota comercial, frequentemente viajando de Truso a Birka (atual Suécia). No final da Era Viquingue, os filhos do rei dinamarquês Harald e Canuto o Grande lançaram várias expedições contra os prussianos. Eles destruíram muitas áreas na Prússia, incluindo Truso e Kaup, mas não conseguiram dominar totalmente a população.
A presença de viquingues (varegues) na área foi "menos dominante e muito, muito menos do que imperial."
Cruzadas e Conquista
Em 1211, André II da Hungria concedeu Burzenland na Transilvânia como um feudo dos Cavaleiros Teutônicos. Em 1225, André II expulsou os Cavaleiros Teutônicos da Transilvânia, e eles tiveram que se transferir para o mar Báltico. Conrado I, o duque polaco de Mazóvia, tentou em vão conquistar a Prússia pagã nas cruzadas em 1219 e 1222. Em 1226, o duque Conrado I convidou os Cavaleiros Teutônicos, uma ordem militar alemã de cavaleiros cruzados, com sede no Reino de Jerusalém, em Acre, para conquistar as tribos prussianas bálticas em suas fronteiras.
Durante 60 anos de lutas contra os prussianos, a ordem criou um estado independente, que passou a controlar a Prússia. Depois dos Irmãos Livônios da Espada ingressarem na Ordem Teutônica em 1237, eles também controlaram a Livônia (atual Letônia e Estônia). Por volta de 1252, eles terminaram a conquista da tribo prussiana setentrional dos escalvianos assim como os ocidentais Curônios bálticos, e ergueram o castelo de Memel, que se tornou a cidade portuária de Memel (atual Klaipėda). A fronteira final entre a Prússia e a adjacente Grão-Ducado da Lituânia foi determinada no Tratado de Melno em 1422.
A Liga Hanseática foi formada oficialmente no norte da Europa em 1356 como um grupo de cidades comerciais que passaram a ter um monopólio sobre todo o comércio, deixando o interior da Europa e a Escandinávia sob o controle do comércio no mar Báltico para países estrangeiros. Os empresários do interior da Suécia, Dinamarca e Polônia sentiram-se oprimidos pela Liga Hanseática.
No decorrer do Ostsiedlung, os colonos foram convidados, trazendo mudanças na composição étnica, bem como na língua, cultura e direito. Como a maioria desses colonos eram alemães, o baixo-alemão se tornou a língua dominante.
Relação com a Coroa Polonesa
Os cavaleiros estavam subordinados ao papa e ao imperador. Sua inicialmente estreita relação com a Coroa polonesa deteriorou depois que eles conquistaram em 1308 a Pomerélia e Danzigue controlada pelos poloneses. Posteriormente, a Polônia e a Lituânia se aliaram através da União de Krewo de 1385, e derrotaram os Cavaleiros Teutônicos na Batalha de Grunwald em 1410. A partir de 1466, a Prússia foi dividida em Prússia Oriental e Prússia Ocidental, a primeira como um Ducado que era um vassalo do Reino da Polônia.
O que restou da Prússia Ocidental foi posteriormente incorporado ao Reino da Polônia e, assim, os prussianos perderam sua autonomia.
Guerra dos Trinta Anos
Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), o exército sueco tornou-se o principal responsável pela devastação da região da Prússia. O resultado foi um grande declínio na população e na economia. No entanto, após o fim da guerra, a Prússia conseguiu recuperar e até mesmo se expandir. Oito anos depois, a Prússia foi elevada a um reino.
O Declínio
A Revolução Industrial transformou o Estado prussiano, introduzindo novas indústrias, mas também estimulando movimentos sociais e políticos. Com o tempo, a Prússia se tornou mais centralizada sob o controle da dinastia Hohenzollern e os líderes da Igreja Luterana, mas o crescimento da classe operária e os problemas sociais resultantes do sistema capitalista acabaram por dar origem a movimentos de esquerda e a formação de partidos políticos, que incluíram os social-democratas.
Conclusão
Em 1945, a Prússia Oriental foi dividida entre a Polônia e a União Soviética, resultando na sua dissolução final. As mudanças demográficas significativas e o controle soviético mudaram para sempre a configuração da região.
Na cultura, Prússia é frequentemente lembrada por sua tradição militar, seu papel na formação da Alemanha moderna e a experiência da guerra e do colonialismo na Europa Oriental.