Oberon (satélite)
Oberon (também designado Urano IV) é um dos cinco grandes satélites de Urano, com um diâmetro de 1 520 quilômetros. É o segundo maior e o segundo mais massivo dos satélites do planeta, e o nono mais massivo do Sistema Solar. Foi descoberto junto com Titânia em 1787, por William Herschel, e recebeu o nome do rei das fadas que apareceu como um personagem na obra Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare. Está a uma distância média de 583 500 quilômetros de Urano, sendo o mais externo dos grandes satélites do planeta, e possui uma órbita regular pouco excêntrica e inclinada.
Oberon é constituído aproximadamente de quantidades iguais de rocha e gelo, e provavelmente é diferenciado em um núcleo rochoso e um manto de gelo. Uma camada de água líquida pode existir na divisa entre o manto e o núcleo. Sua superfície, que é escura e de coloração levemente avermelhada, é coberta por numerosas crateras de impacto, sendo a superfície com mais crateras entre os grandes satélites de Urano. Além das crateras, Oberon possui um sistema de cânions (chamados de chasmata), de natureza tectônica, provavelmente formado por expansão da crosta durante o começo da evolução do Sistema Solar.
Como todas as outras grandes luas de Urano, Oberon provavelmente se formou a partir do disco de acreção em volta do planeta logo após sua formação. O sistema uraniano só foi estudado de perto uma vez, pela sonda espacial Voyager 2 em janeiro de 1986. Ela tirou várias fotos de Oberon, que permitiram o mapeamento de cerca de 40% de sua superfície.
Assim como os outros grandes satélites, acredita-se que Oberon se formou de um disco de acreção ou subnebulosa: um disco de gás e poeira que existia em volta de Urano por algum tempo depois de sua formação ou que foi criado pelo grande impacto que provavelmente deu ao planeta sua grande inclinação axial. A composição precisa do disco não é conhecida; no entanto, a densidade relativamente alta dos satélites de Urano em relação aos satélites de Saturno indica que ele pode ter sido relativamente pobre em água. Grandes quantidades de nitrogênio e carbono poderiam estar presentes na forma de monóxido de carbono (CO) e nitrogênio molecular (N2) ao invés de amônia e metano. As luas que se formaram nesse disco iriam conter menos gelo de água (com CO e N2 presos como clatrato) e mais rocha, explicando a alta densidade.
A acreção de Oberon provavelmente durou alguns milhares de anos. Impactos que acompanharam a acreção causaram aquecimento das camadas mais externas da lua, com uma temperatura máxima de cerca de 230 K (-43 °C) sendo alcançada a uma profundidade de cerca de 60 quilômetros. Após o término do processo de formação, essas camadas próximas da superfície esfriaram, enquanto o interior de Oberon começou a ser aquecido pelo decaimento radioativo dos elementos presentes nas rochas. Com isso, a camada próxima da superfície contraiu, enquanto o interior expandiu, causando forte tensão na crosta que gerou rachaduras. O sistema de cânions observado na superfície de Oberon pode ser resultado desse processo, que durou cerca de 200 milhões de anos, implicando que qualquer atividade endógena na lua acabou bilhões de anos atrás.
O calor inicial da acreção e o decaimento de elementos radioativos provavelmente foram suficientes para derreter o gelo se algum anticongelante como amônia (na forma de hidrato de amônia) ou sal estava presente. O aquecimento pode ter feito a rocha se separar do gelo, formando um núcleo rochoso cercado por um manto de gelo. Uma camada de água líquida (oceano) rica em amônia pode ter se formado entre o núcleo e o manto. A temperatura eutética dessa mistura é de 176 K. Se a temperatura diminuiu abaixo desse valor o oceano já estaria congelado no presente. O congelamento da água poderia causar a expansão do interior, o que pode ter contribuído para a formação dos cânions.
Exploração
A única sonda espacial que explorou Oberon de perto foi a Voyager 2, que fotografou a lua durante seu sobrevoo por Urano em janeiro de 1986. Como a maior aproximação entre a Voyager 2 e Oberon foi de 470 600 quilômetros, as melhores imagens desta lua têm uma resolução espacial de cerca de 6 quilômetros. As imagens cobrem cerca de 40% da superfície, mas apenas 25% da superfície foi fotografada com a qualidade necessária para mapeamento geológico. Na época do sobrevoo, o hemisfério sul de Oberon (assim como o das outras luas) estava apontado para o Sol, então o hemisfério norte (que estava escuro) ficou completamente inexplorado.