História do Titanic
O Titanic – um dos maiores desastres da história naval – completa 100 anos. Em 15 de abril de 1912, o navio inglês afundou após colidir com um iceberg no Atlântico Norte, deixando 1.514 mortos entre passageiros e tripulação. Desde então, se tornou um ícone da cultura ocidental, tema de livros, filmes, peças de teatro, músicas, museus e obras de arte.
Ficha-resumo
O que tanto chama a atenção do público são os elementos de uma narrativa que, de tão incrível, parece ser fictícia. A história do Titanic combina tragédia, heroísmo, romantismo, sobrevivência, cobiça e questões sociais, características que compõem um retrato da sociedade moderna. Antes da eclosão das duas guerras mundiais, os avanços tecnológicos alimentavam promessas de um futuro idílico para a espécie humana. O Titanic representava um desses marcos do domínio do homem sobre a natureza na era industrial.
Construído pela companhia White Star Line, era o mais luxuoso e moderno navio de passageiros, numa época em que as viagens de longa distância eram feitas em embarcações. Um dos mitos sobre o naufrágio dizia que o navio era chamado de "inafundável" por seus construtores. O adjetivo seria justificado pelos compartimentos dotados de sistema de escoamento de água, um dos triunfos da engenharia náutica daquele tempo. Tal alcunha, entretanto, só foi conferida pela imprensa após o desastre. Outra lenda, perpetuada por filmes, atribuía também aos proprietários o lema "Nem Deus pode afundar". Tal afirmação nunca foi feita, mas ajudou a ressaltar componentes míticos e religiosos na trama do naufrágio.
Além do arrojo científico, o transatlântico exibia o refinamento da belle époque na Europa do começo do século. Tudo foi planejado para priorizar o conforto dos passageiros, o que incluía piscina, ginásio de esportes, bibliotecas, campos de squash, restaurantes e cabines, em ambientes decorados no estilo renascentista e vitoriano. Mas toda essa comodidade era exclusiva da primeira classe, onde viajavam integrantes da alta sociedade inglesa e norte-americana, como nobres, industriais e empresários. Apartados das celebridades, na terceira classe estavam alojados milhares de imigrantes europeus que partiram em busca do "sonho americano". O navio era, assim, o microcosmo da divisão econômica de classes.
O Naufrágio
Setecentas e dez pessoas sobreviveram ao naufrágio e fizeram um relato impressionante, cujo quebra-cabeça seria completado décadas mais tarde por pesquisas realizadas a partir da descoberta dos restos do navio, submersos a 3,8 mil metros, em 1985. No dia 10 de abril, o Titanic deixou o porto de Southampton, na Inglaterra, para sua viagem inaugural rumo a Nova York, nos Estados Unidos. Fez escalas na França e na Irlanda, onde embarcaram mais passageiros (homens, mulheres e crianças). Havia um total de 2.224 pessoas a bordo. O Titanic era comandado pelo capitão Edward J. Smith, veterano dos mares que fazia sua última jornada antes de se aposentar, e morreu no acidente.