Guerra Mexicano-Americana
A Guerra Mexicano-Americana foi o primeiro grande conflito internacional impulsionado pelo expansionismo norte-americano. Sob a justificativa da predestinação divina expressa no Destino Manifesto, os Estados Unidos intensificaram sua Marcha para o Oeste, avançando em direção ao Oceano Pacífico. Além da aquisição de novos territórios para dar vazão à pressão migratória, os norte-americanos cobiçavam os recursos naturais da região da Califórnia, que estava sob domínio mexicano.
Na primeira metade do século XIX, as pretensões expansionistas dos Estados Unidos causaram crescentes atritos diplomáticos com o México, especialmente na disputa em torno do Texas. Originalmente uma província mexicana, o Texas passou a ser povoado por colonos norte-americanos a partir de 1821. Em 1836, os colonos se rebelaram contra o governo mexicano e declararam a independência da província. O México não reconheceu a independência do Texas, considerando-a uma província rebelde.
Em 1845, com a anuência dos colonos, os Estados Unidos anexaram o Texas como um novo estado e despacharam tropas para ocupar as demais províncias setentrionais do México. Para defender sua integridade territorial, o México declarou guerra aos Estados Unidos em 1846. O conflito durou dois anos e teve consequências drásticas para o México, que, derrotado, foi obrigado a ceder metade do seu território para os Estados Unidos.
Violência Durante o Conflito
Liderado por Zachary Taylor, o exército norte-americano cometeu diversos abusos contra não-combatentes após a invasão do México. Somente no primeiro mês de ocupação, os soldados saquearam fazendas, cometeram roubos, estupros e assassinaram pelo menos 20 civis mexicanos. As tropas sob o comando do coronel John Coffee Hays perpetraram um massacre que culminou na morte de pelo menos 100 civis desarmados.
Reagindo aos abusos, mexicanos formaram guerrilhas e iniciaram uma série de ataques às patrulhas de soldados norte-americanos, especialmente após a Batalha de Monterrei. Os norte-americanos responderam intensificando suas agressões. Uma unidade militar comandada pelo capitão Mabry B. Gray sequestrou e executou um grupo de 24 civis mexicanos, enquanto um destacamento do 1º Regimento de Kentucky assassinava jovens mexicanos por "esporte".
As agressões mais infames foram cometidas por um grupo de soldados liderados por Joseph Lane. Após o assassinato de Samuel Hamilton Walker em uma escaramuça, Lane ordenou que seus homens vingassem sua morte saqueando a cidade de Huamantla. Os soldados incendiaram casas e comércios, cometeram estupros coletivos e assassinaram numerosos civis.
Consequências da Guerra
Ao fim do conflito, as tropas norte-americanas haviam assassinado mais de 10.000 civis mexicanos. O historiador James McPherson atribuiu a violência contra os mexicanos ao racismo e ao sentimento anticatólico dos soldados norte-americanos. O congressista abolicionista Joshua Reed Giddings definiu a guerra como "assassinato de mexicanos em seu próprio solo e roubo da terra que lhes pertence". Ulysses S. Grant, comandante do Exército dos Estados Unidos e futuro presidente, classificou o conflito como "uma das guerras mais injustas movidas em qualquer tempo por uma nação mais forte contra uma mais fraca".