Antigo Egito a Medicina
Os problemas médicos dos antigos egípcios estavam diretamente relacionados com o meio ambiente. Viver e trabalhar perto do Nilo envolvia riscos de malária e esquistossomose, provocada por um parasita debilitante que causa danos ao fígado e intestinos. Perigosos animais selvagens, como crocodilos e hipopótamos, também eram uma ameaça comum. O trabalho vitalício na agricultura e na construção provocava estresse na coluna vertebral e articulações, e ferimentos traumáticos, tanto na construção quanto na guerra, tiveram um impacto significativo na saúde de muitos egípcios. O cascalho e a areia usados para moer farinha desgastavam os dentes, deixando-os suscetíveis a abscessos (embora cáries fossem raras). A dieta dos ricos era rica em açúcar, o que provocava periodontite. Apesar da lisonjeira retratação do físico nas paredes dos túmulos, o excesso de peso de muitas múmias da classe alta mostra os efeitos de uma vida de excessos. A expectativa de vida dos adultos era de 35 anos para os homens e 30 para as mulheres, mas muitos jovens não chegavam à maioridade, pois aproximadamente um terço da população morria na infância.
Os médicos egípcios eram renomados no Oriente Próximo por suas habilidades curativas, e alguns, como Imhotep, mantiveram sua fama muito além da morte. Heródoto comentou que havia um alto grau de especialização entre os médicos egípcios, com alguns tratando apenas a cabeça ou o estômago, enquanto outros eram oculistas e dentistas. Os locais de formação dos médicos, chamados Per Ankh ou "Casas de Vida", eram áreas de templos que funcionavam como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam textos. Conhece-se a existência de tais instituições em Bubástis, no Império Novo, e em Abidos e Saís, na Época Baixa. Os papiros médicos egípcios evidenciam conhecimentos empíricos de anatomia, doenças e tratamentos práticos.
Os egípcios foram os primeiros a afirmar que as doenças têm causas naturais, o que os motivou a produzir medicamentos para combatê-las. Eles produziram a primeira farmacopeia conhecida. Entre os medicamentos, podem-se citar ervas medicinais, sangue de lagartos, fezes animais, leite de mulher grávida e livro velho fervido. Feridas eram tratadas com bandagens de carne crua, linho branco, suturas, redes e cotonetes encharcados com mel para evitar infecções, enquanto o ópio era usado para aliviar a dor. Alho e cebola eram usados regularmente para promover boa saúde e acreditava-se que aliviavam os sintomas de asma. Os cirurgiões egípcios antigos costuravam feridas, colocavam braços quebrados no lugar e amputavam membros doentes, mas também reconheciam que alguns ferimentos eram tão graves que a única coisa a fazer era confortar o paciente até sua morte.
A previsão do futuro era praticada através da interpretação dos sonhos; há um papiro que contém uma relação de sonhos e suas interpretações.