Australopithecus
Acredita-se que os parentes evolutivos mais próximos da espécie humana sejam os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos. Todos esses animais fazem parte da ordem dos primatas (Primates), apresentando algumas características comuns e exclusivas desse grupo. Um dos aspectos mais importantes que diferencia o ser humano dos demais primatas é a capacidade humana de se apoiar e se locomover apenas sobre os membros posteriores.
Ainda não sabemos ao certo quais foram as causas que favoreceram a postura ereta do ser humano. Uma hipótese é que o grupo de primatas que originou a espécie humana teria abandonado a floresta e ido viver nos campos ou nas savanas da África. Entre os possíveis ancestrais da linhagem dos hominídeos estão os australopitecos.
Quem são os Australopitecos?
Os australopitecos (do latim australis = “do sul”; e do grego pithekos = macaco) formam um gênero de diversos hominídeos extintos, parecidos com os chimpanzés e bastante próximos ao gênero Homo. O registro fóssil indica que o Australopithecus é o ancestral comum do grupo de hominídeos reconhecidos nos gêneros Paranthropus e Homo.
Os australopitecos viveram nas savanas africanas de 4,2 milhões a 1,4 milhão de anos atrás. Estudando a posição dos ossos da bacia e do joelho e as impressões de suas pegadas, deduziu-se que todos podiam andar sobre duas pernas (bipedalismo), ou seja, tinham postura ereta.
Dentre estes hominídeos extintos, o A. afarensis e o A. africanus são os mais famosos. Primeiramente descrito pelo anatomista australiano Raymond Dart, o A. africanus, datado em 2,5 a 2,9 milhões de anos, foi considerado durante muito tempo o ancestral direto do gênero Homo, especialmente da espécie Homo erectus.
No entanto, descobertas recentes de outros fósseis de hominídeos mais antigos que o A. africanus, mas que parecem pertencer ao gênero Homo, suscitaram dúvidas a respeito dessa teoria. Alguns indicam que o A. afarensis, surgido há cerca de 4 milhões de anos e extinto há uns 2,5 milhões de anos, como o provável ancestral humano. No entanto, ainda existem outras hipóteses possíveis.
As características dos Australopithecus
Ao contrário dos chimpanzés, os australopitecos não andavam sobre quatro patas: eram definitivamente bípedes. O cérebro da maioria das espécies de australopithecus conhecidas era 35% menor que o do Homo sapiens e um crânio não significativamente maior que o de um chimpanzé atual.
Quanto ao tamanho, estes animais possuíam pequeno porte, medindo entre 1 m e 1,5 m de altura e pesando entre 30 kg e 50 kg. Os dentes e o maxilar também eram diferentes, bem maiores e mais pesados que os dos humanos.
A espécie garhi parece ter sido a mais avançada no que se refere ao uso de instrumentos, uma vez que os seus fósseis têm sido encontrados junto a estes e a restos de animais retalhados, o que sugere que esta espécie pode ter iniciado uma indústria de fabricação de instrumentos.
Espécies de australopithecus
Há cerca de 3 milhões a 2,2 milhões de anos surgiram outras espécies de australopitecos, como o Australopithecus africanus, o Australopithecus garhi (garhi significa “surpresa”, na língua afar, falada na Etiópia) e o Australopithecus robustus (mais tarde colocado em outro gênero e denominado Paranthropus robustus).
Oito espécies de Australopithecus, que viveram entre 4,2 milhões e 1,4 milhão de anos atrás, já são conhecidas. Além do garhi e do africanus, foram identificadas as seguintes espécies:
- Australopithecus anamensis, encontrado no norte do Quênia no ano de 1974;
- Australopithecus afarensis, encontrados na Etiópia, Tanzânia e no Quênia;
- Australopithecus aethiopicus, encontrado próximo ao lago Turkana, no norte da Tanzânia, no ano de 1985;
- Australopithecus boisei, encontrado no Desfiladeiro de Olduvai, Tanzânia, em 1959;
- Australopithecus robustus, encontrado na África do Sul no ano de 1938;
- Australopithecus bahrelghazalli, encontrado ao sul da Líbia, em 1993.
Lucy, Australopithecus afarensis
Em 1974, foi descoberto na Etiópia um fóssil com cerca de 3,2 milhões de anos. Ele pertencia, possivelmente, a uma criatura do sexo feminino, com 30 kg, 1,07 m de altura e postura ereta, era formado por 52 ossos. Foi batizado de Lucy.
Lucy pertence à espécie Australopithecus afarensis (descoberta na região de Afar, na Etiópia), viveu entre 3,8 milhões e 2,9 milhões de anos atrás e tinha de 375 cm³ a 550 cm³ de crânio, semelhante ao do chimpanzé, mas com dentes e ossos da perna parecidos com os da espécie humana, além de ter postura ereta (pegadas preservadas em cinzas vulcânicas reforçam essa hipótese).
Outras descobertas
Outros fósseis mais antigos do que Lucy foram descobertos, como o Ardipithecus ramidus (de 4,5 milhões a 4,3 milhões de anos), o Australopithecus anamensis (de 4,2 milhões a 4,1 milhões de anos), o Orrorin tugenensis (com 6 milhões a 5,8 milhões de anos) e o Sahelanthropus tchadensis (com cerca de 7 milhões de anos). Este último talvez seja o mais próximo dos antepassados comuns do chimpanzé e do homem.
Ardipithecus ramidus
Com cerca de 1,2 m de altura, o Ardipithecus ramidus tinha capacidade craniana semelhante à do chimpanzé, mas seus caninos superiores eram menores do que os dos chimpanzés atuais e mais parecidos com os dos humanos. A anatomia da pélvis e das mãos sugere que ele poderia andar ereto por distâncias curtas, embora não tão bem quanto os australopitecos. O dedão do pé oposto aos outros dedos e os ossos longos dos dedos indicam que ele deveria passar parte do tempo deslocando-se em árvores.
A evolução do gênero Homo
Dos australopitecos podem ter surgido os primeiros representantes do gênero Homo, com corpo e cérebro maiores, entre eles o Homo habilis. Os australopitecos já usavam pedaços de pedra ou ossos para cavar, pegar pequenos animais e se defender, e o Homo habilis foi o primeiro a fabricar ferramentas de pedra lascada (quebradas de modo a ficar com uma borda afiada), que deviam servir de faca para cortar a carne de animais.
Dessa capacidade vem o nome da espécie: “homem habilidoso”. Ele viveu entre 2,4 milhões e 4 milhões de anos atrás e seu cérebro era maior que o dos australopitecos. O volume do seu crânio variava de 500 cm³ a 670 cm³.
Embora tenha surgido depois do Homo habilis, o Homo erectus foi descoberto antes e considerado na época o primeiro hominídeo ereto. Foi uma espécie que perdurou por mais de 1 milhão de anos (viveu entre 1,8 milhão e 500 mil anos atrás). Deve ter sido também o primeiro a dominar e a usar o fogo. Foram encontradas pilhas de carvão vegetal ao lado de ossos humanos em cavernas.