Atena Partenos
Atena Partenos (em grego: Ἀθηνᾶ Παρθένος; romaniz.: Athenas Parténos , lit. "Atena virgem") foi uma monumental estátua representando a deusa Atena criada pelo escultor grego Fídias para o Partenon de Atenas em meados do século V a.C. Com cerca de 12 metros de altura, e revestida de ouro e marfim, custou uma fortuna e anos de trabalho, mas foi imediatamente reconhecida como uma maravilha, garantindo a Fídias celebridade em toda a Grécia de seu tempo. Uma das obras fundadoras e capitais da tradição clássica na escultura grega, pelos séculos à frente a reputação da Atena Partenos se difundiu por todo o mundo ocidental, tornando-a uma das estátuas mais famosas da Antiguidade, continuando hoje a interessar à crítica, mas o monumento perdeu-se em data e circunstâncias desconhecidas. Sua imagem sobreviveu, no entanto, em relatos literários e em cópias reduzidas, em relevos, moedas e outros meios, que dão uma ideia geral do original.
Apesar de sua grande fama, restam surpreendentemente poucas descrições da Atena Partenos a partir de testemunho ocular e nenhuma é muito detalhada. Segundo os dados disponíveis, foi construída a partir de um núcleo de madeira reforçado com metal. Seus braços, pés e face foram cobertos de marfim, enquanto que o traje e armas foram revestidos de placas de bronze e, por cima, placas removíveis de ouro que pesavam no total em torno de 40 talentos (cerca de 1 tonelada), técnica conhecida como criselefantina. Na descrição de Pausânias, a deusa aparece de pé; em uma mão segura a imagem de Nice, deusa da Vitória, e com a outra empunha uma lança, ao lado da qual, junto ao chão, há um escudo e uma serpente que representa Erictônio, seu filho adotivo e o primeiro rei mítico de Atenas. Tem um elmo ricamente decorado, coroado por uma esfinge ladeada de grifos em relevo. Sua túnica chega-lhe aos pés e no peito está a égide com a face da Medusa, em marfim. No pedestal, um relevo narrava a história do nascimento de Pandora, cercada de deusas. Plínio, o Velho, disse que ela tinha 26 cúbitos de altura (cerca de 12 metros), que no escudo havia cenas mostrando a Gigantomaquia (pintada no interior) e a Amazonomaquia (em relevos no exterior), e que, sobre suas sandálias, estava gravada a Centauromaquia. Outros detalhes da estátua também podem ter sido pintados e seus olhos provavelmente eram feitos de pedra colorida. É possível que o pedestal, sobre cuja autoria ainda pairam algumas incertezas, também tenha sido revestido a ouro, mas as evidências não são claras.
A mão que se projetava à frente sustentando Nice pode ter sido apoiada por uma coluna ou outro elemento semelhante, como um tronco de árvore, mas as fontes literárias são contraditórias e, mesmo na iconografia, ela varia, aparecendo com e sem apoio. Moedas atenienses contemporâneas nunca mostram a mão apoiada, mas um suporte para uma estrutura enfraquecida pelos anos pode ter sido um acréscimo necessário em alguma data tardia. Parte da iconografia a mostra com a serpente sob sua mão direita, e não ao lado do escudo. Além disso, é um fato que, tecnicamente, devido à fragilidade do mármore, as cópias neste material muitas vezes requerem reforços que não constam nos originais. Suportes para braços, pernas e outros elementos projetados no espaço, na forma de troncos, rochas, vasos, colunas, figuras secundárias e outros, inexistentes nos originais em metal, aparecem regularmente em cópias em mármore na tradição escultórica grecorromana, a fim de dar mais estabilidade à estrutura e evitar que essas projeções se quebrem. Também muitos "copistas" foram bastante imaginativos em seu trabalho, afastando-se deliberadamente dos originais, mas mantendo alguns traços básicos que preservassem reconhecível a ligação com modelos prestigiados. Durante o período helenístico, quando há fartura de cópias da Partenos, se tornou moda recuperar arcaísmos em formulações novas e ecléticas, prática considerada um sinal de erudição. Cópias de cópias em gerações sucessivas podem chegar a resultados muito discrepantes, como parece ser o caso da descendência formal da Atena Partenos.
Sua complexa iconografia acessória, inscrita em seu escudo, sandálias e frisos do pedestal, fundou novos modos narrativos na tradição da escultura grega, estava, pelo simbolismo e pelo estilo, integrada ao programa decorativo de todo o Partenon, tem sido interpretada de várias maneiras e dado margem a considerável controvérsia, mas, em linhas gerais, parece reforçar o caráter militar da deusa, bem como destaca seu papel na proteção e na cultura da cidade. Todas as batalhas representadas falam da vitória das forças da ordem e da civilização sobre a barbárie e o caos. Nas palavras de C. J. Herington, "a Atena Partenos é uma escultura tão carregada de significado que um estudo completo de todos os motivos que estão por trás dela não deixaria de penetrar em nenhuma das atividades da Atenas do século V".
Devido à baixa qualidade das cópias sobreviventes, todas em tamanho reduzido e em geral rústicas e fragmentárias, e também devido à significativa inconsistência entre elas, a análise estilística detalhada da Atena Partenos original é impossível, embora tenha sido tentada muitas vezes. Mas seguramente seguiu os cânones gerais do período clássico, cânones que a Partenos, aliás, ajudou a fundar e consagrar, tipificados em uma combinação única de naturalismo e idealismo na representação do corpo, na escassa expressão emocional, e na atmosfera formal de racionalidade, equilíbrio e harmonia, características que transmitiam um efeito de monumentalidade, transcendência, autoridade, atemporalidade, e de pujança contida no perfeito balanço de forças opostas, sublimando a forma humana e depurando-a de toda irregularidade pessoal e transitória na busca de capturar um reflexo da essência incorruptível comum a todos os homens. Ao mesmo tempo, fazia desta forma arquetípica um projeto de homem completo que também servisse para todos, a ser aproximado na terra através do autoaperfeiçoamento disciplinado, sábio e harmonioso. Essas características estavam associadas a uma constelação de valores éticos há séculos profundamente arraigados na sociedade grega e considerados essenciais à felicidade geral. Neste contexto, o papel principal do artesão era criar obras úteis à sociedade, que promovessem o bem comum e consagrassem esses valores coletivos. As origens formais deste novo estilo estão na arte dos escultores severos, a geração que precedeu a de Fídias, que desenvolveram um novo senso de naturalismo na representação da forma humana a partir de um modelo bastante esquemático e ritualístico prevalente no período arcaico. Não se conhecem, se houve, as fontes específicas de inspiração de Fídias para modelar a Atena Partenos, mas, por outro lado, recolhendo elementos antes dispersos, nela se cristalizou uma tipologia nova para a representação da deusa, que se tornou paradigmática ao longo de várias gerações seguintes.