Áptera (cidade)
Áptera (em grego: Άπτερα), também conhecida como Aptara, Apteria, Aptereia, Aptaria ou Aptere, foi uma cidade do noroeste da ilha de Creta, Grécia. Atualmente, as suas ruínas constituem um sítio arqueológico, situado a menos de um quilómetro em linha reta da costa sul da baía de Suda. Ali existiu uma cidade-estado que já era poderosa no final do período minoico e que atingiu o seu apogeu no período helenístico. Declinou lenta e gradualmente a partir daí, embora continuasse a ser uma cidade importante durante o período romano e nos primeiros tempos do Império Bizantino. Foi destruída por dois terramotos, nos séculos IV e VII d.C., e pelos Sarracenos em 823, quando foi definitivamente abandonada.
No século XII, foi construído no local da antiga cidade um mosteiro dedicado a São João, o Teólogo, que funcionou até meados da década de 1960. Os venezianos construíram no local um forte, o qual foi destruído por piratas em 1583. A posição estratégica do sítio foi também aproveitada pelos otomanos, que ali construíram uma fortaleza na segunda metade do século XIX, durante a Revolta de Creta de 1866-1869, para dominar toda a baía de Suda. Durante a Segunda Guerra Mundial, as tropas de ocupação alemãs também se posicionaram no planalto de Áptera.
O primeiro académico moderno a estabelecer a ligação entre as ruínas e a cidade de Áptera foi o viajante inglês Robert Pashley (1805–1859), que confirmou a identificação graças a moedas encontradas no local. As primeiras escavações foram levadas a cabo em 1862 e 1864 pelo francês Carle Wescher. Em 1942, os alemães que então ocupavam Creta realizaram escavações mais extensas. Houve outras campanhas de escavação, em 1986–1987 e em 1992–1995, mas o sítio ainda está longe de estar completamente escavado. No recinto do convento, são visíveis várias estruturas, nomeadamente uma capela e um bloco de dois andares de celas dos monges. Em volta destacam-se as ruínas de um templo do século V a.C., restos de vários templos dóricos, duas cisternas romanas de grandes dimensões com arcadas em abóbada, termas romanas, um teatro romano e uma villa romana com um peristilo. O sítio é administrado pelo departamento de antiguidades do ministério da cultura grego e ocupa o planalto do cimo da colina de Paliocastro, situada a algumas centenas de metros a leste da atual aldeia de Áptera e Megála Choráfia, as quais integram administrativamente a Unidade Regional de Chania, cuja capital homônima, situada a oeste-noroeste, dista cerca de 13 km por estrada.
A cidade minoica é mencionada com o nome "A-pa-ta-wa" em tábuas escritas em Linear B no século XIV ou século XIII a.C. Os restos arqueológicos encontrados cobrem dois períodos: o primeiro do século IX a.C. ao século VII d.C. e o segundo do século X d.C. até 1960. A cidade ocupava um local estratégico, propício ao comércio e à defesa, pois tem amplas vistas sobre as regiões vizinhas, além de ter excelentes defesas naturais. Do alto da colina, que se eleva a 200 metros sobre o nível do mar, avista-se toda a baía de Suda, a península de Acrotíri, a norte, do outro lado da baía, a zona costeira entre Suda e Kalives a noroeste, norte e nordeste, as Montanhas Brancas (Lefká Óri) a sul e a planície de Apocórona a sul e sudeste. Embora não seja visível das ruínas, Chania fica a pouca distância, atrás de outras colinas. A cidade era servida por dois portos, um de cada lado da baía de Suda: o mais próximo, no lado sul da baía, era Císsamos, provavelmente situado onde é hoje Kalives, a leste do sopé do monte da cidade; o outro era Minoa, atual Marati, a norte, na península de Acrotíri. No século III a.C., Áptera esteve em guerra com Cidónia, uma importante cidade do noroeste de Creta que muito provavelmente se situava onde é hoje Chania ou nos seus arredores. Alguns historiadores referem que, quando se deu a conquista romana de Creta, na década de 60 a.C., Áptera tinha-se tornado dependente de Cidónia.