Papa Gregório I
Papa Gregório I (em latim: Gregorius I; originalmente Gregório Anício, em latim: Gregorius Anicius), conhecido como São Gregório, Gregório Magno ou Gregório, o Grande foi papa entre 3 de setembro de 590 e sua morte, em 12 de março de 604. É conhecido principalmente por suas obras, mais numerosas que as de seus predecessores. Gregório é também conhecido como Gregório, o Dialogador na Ortodoxia por causa de seus "Diálogos" e é por isso que seu nome aparece em algumas obras listado como "Gregório Dialogus". Foi o primeiro papa a ter sido monge antes do pontificado.
Gregório é reconhecido como um Doutor da Igreja e um dos Padres latinos. É também venerado como santo por católicos, ortodoxos, anglicanos e alguns luteranos. Foi canonizado assim que morreu, por aclamação popular, como era o costume. O reformador protestante João Calvino admirava Gregório e declarou em seus "Institutos" que ele teria sido o "último bom papa".
Vida
Primeiros anos
A data exata do nascimento de Gregório é incerta, mas estima-se que tenha ocorrido por volta do ano 540 em Roma. Seus pais o batizaram Gregorius, um nome que, segundo Elfrico de Abingdon (Ælfric) em sua "Uma Homilia sobre o Nascimento de São Gregório", "é grego e significa, na língua latina, 'vigilantius', que em inglês se traduz como 'watchful' [vigilante em português]...". Autores medievais seguem também esta mesma etimologia e não hesitam em aplicar seu significado à vida de Gregório. Elfrico, por exemplo, conta que "era muito diligente [em sua obediência] aos mandamentos de Deus". Na realidade, o nome deriva de um termo do Novo Testamento, "grēgorein", que significa um "aspecto presente e contínuo do ato ser vigilante em não abandonar Cristo" e deriva de um termo mais antigo, "egrēgora", que significa "despertado do sono", derivado por sua vez de "egeirein", "acordar alguém".
Gregório nasceu numa rica família patrícia romana que tinha relações muito estreitas com a Igreja. Seu pai, Gordiano (Gordianus), que já havia servido como senador e prefeito urbano, era um "regionarius" na Igreja, embora quase nada se saiba sobre a função. Sua mãe, Sílvia, era bem nascida e tinha uma irmã casada, Patéria, na Sicília. Ela e duas irmãs, tias de Gregório, são veneradas como santas por católicos e ortodoxos. O trisavô de Gregório também havia sido papa, com o nome de Félix III, candidato do rei ostrogodo Teodorico, o Grande. A eleição de Gregório ao bispado de Roma transformou sua família na mais distinta dinastia clerical de sua época.
A família morava numa villa suburbana no Monte Célio na mesma rua – atualmente chamada de "Via di San Gregorio" - onde estavam os palácios dos imperadores romanos, estes do lado oposto, no Monte Palatino. Ela ligava o Coliseu, no norte, ao Circo Máximo, no sul. Na época de Gregório, os edifícios antigos estavam em ruínas e eram propriedades privadas; villas se espalhavam por toda a região. A família de Gregório também tinha fazendas na Sicília e nas vizinhanças de Roma. Gregório posteriormente mandaria pintar retratos da família na forma de afrescos em sua casa no Monte Célio e estes foram descritos mais de 300 anos depois por João, o Diácono. Gordiano era alto, de rosto alongado, barbado e tinha olhos brilhantes. Sílvia era também alta, mas de rosto redondo, olhos azuis e semblante alegre. Pela descrição, o casal tinha também um outro filho do qual não sabemos sequer o nome.
