DIFERENTES NÍVEIS DE INSTRUÇÃO
Resumo: Apresenta-se neste artigo o resultado de uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2013 junto a um grupo de 80 sujeitos de diferentes níveis de instrução. Nesta pesquisa, buscou-se averiguar os acontecimentos terrestres que esse grupo de pessoas atribui ao fenômeno das fases lunares. Como instrumento de coleta de dados, foram empregadas entrevistas semiestruturadas guiadas por questões que buscavam manter a atenção dos entrevistados no objeto de investigação. As entrevistas foram gravadas e transcritas, e os resultados, após serem analisados quanti e qualitativamente, foram confrontados com estudos científicos da área. Os dados da pesquisa demonstram que a Lua e suas fases continuam fascinando e despertando o interesse da população. No entanto, a falta de conhecimentos para proferir explicações corretas relativas aos fenômenos que ocorrem com o astro acaba originando uma série de crenças na população sobre sua influência nos acontecimentos terrestres.
FASES DE LA LUNA Y ACONTECIMIENTOS TERRESTRES:
A crença de diferentes níveis de instrução
Embora com índices bem menores, a relação mencionada também é estabelecida pelos demais participantes, conforme pode ser observado na Tabela Na literatura encontra-se o trabalho de Virgatchik (1983). Nele, a autora salienta que dois aspectos fundamentais justificam a influência das fases da Lua sobre a pesca: atração gravitacional dos peixes para a superfície e aumento do seu metabolismo. Nas palavras da autora: Como outros corpos, os peixes também sofrem a atração lunar. Entretanto, como o peso de seus corpos na água é nulo (segundo o princípio de Arquimedes), essa atração é bem mais intensa. [...] aumento metabólico provoca nos peixes maior necessidade de energia e, em consequência, mais fome. O exemplo do camarão é típico. Durante a Lua Cheia, é suficiente em certas regiões munir-se de uma rede para juntar alimento a fim de abastecer, por toda uma semana, uma família inteira. (VIRGATCHIK, 1983, p. 112).
Além dos descritos neste estudo, outros fenômenos foram relatados pelos entrevistados como sendo decorrentes da influência das fases da Lua, a saber: a disposição alimentar de cães; a fase da Lua correta para tratar crianças e animais com vermífugos; maior frequência de acidentes de trânsito em determinada fase; condições meteorológicas, considerando que certas fases seriam mais propícias à chuva do que outras; recomendação de início de projetos de vida, como trabalho, estudo e casamento na fase de Lua Nova, e não na de Lua Cheia. Por fim, ressalta-se que o índice de participantes que estabeleceram relação entre esses fenômenos e a fase lunar foi extremamente pequeno, não justificando, portanto, sua presença neste estudo.
Conclusões
Os dados da pesquisa possibilitam inferir que a Lua continua fascinando e despertando a curiosidade das pessoas. Dos 80 participantes da pesquisa, 50% deles afirmam olhar diariamente para o céu à procura do astro, e 20%, mesmo que esporadicamente, admitem buscá-la no firmamento. No entanto, esse fascínio não significa que há uma compreensão correta de tudo que se observa. Além disso, os resultados apontam que pouco mais da metade dos entrevistados (55%) sabe o que é a Lua, e 15% conseguem explicar a causa do fenômeno de suas fases. A falta de conhecimentos para proferir explicações corretas relativas aos fenômenos lunares ocasiona, como se pode perceber nos resultados alcançados, uma série de crenças e/ou superstições sobre a influência dessas fases nos acontecimentos terrestres. Como se constatou, todos os participantes da pesquisa creditam algum acontecimento do seu dia a dia à ocorrência desse fenômeno. Também ficou evidenciado, por meio dos dados obtidos, que o índice de crenças e/ou superstições diminui à medida que o nível de escolaridade da pessoa aumenta. Tal constatação possibilita deduzir que o tempo de escola leva a que as pessoas reflitam sobre o que ocorre no mundo que as cerca.
Percebe-se, ainda, que, além de ser escassa na literatura a quantidade de trabalhos que se destinam ao estudo do que as pessoas acreditam que as fases da Lua interferem nos acontecimentos terrestres, seus resultados nem sempre chegam às instituições de ensino, uma vez que, como já referido, os participantes de todos os grupos apresentam crenças sem embasamentos científicos. Acredita-se que a ampliação do número de estudos abordando tais influências em acontecimentos terrestres possa respaldar os docentes do ensino básico e superior com subsídios para uma discussão crítica e científica sobre o tema no decorrer de suas aulas, proporcionando, assim, que os estudantes compreendam de forma mais científica o mundo no qual estão inseridos e que as concepções tenham sustentação nessa mesma concepção.