Uma Reivindicação dos Direitos dos Homens
Uma Reivindicação dos Direitos dos Homens, em uma Carta para O Muito Honorável Edmund Burke; Ocasionada por suas Reflexões sobre a Revolução Francesa, de 1790, é um panfleto político escrito no século XVIII pela feminista liberal britânica Mary Wollstonecraft. O escrito de Wollstonecraft foi a primeira resposta na "guerra de panfletos" iniciada pela publicação de Reflexões sobre a Revolução Francesa, de Edmund Burke, em 1790, uma defesa da monarquia constitucional, da aristocracia e da Igreja Anglicana.
Wollstonecraft atacou não só os privilégios hereditários, mas também a retórica que Burke utilizou para os defender. A maioria dos detratores de Burke condenaram o que perceberam como uma pena muito teatral por Maria Antonieta, mas Wollstonecraft foi a única que denunciou a linguagem sexista de Burke. Ao redefinir o sublime e o belo, termos estabelecidos pelo próprio Burke em Uma Investigação Filosófica Acerca da Origem das Nossas Ideias do Sublime e do Belo, de 1756, Wollstonecraft socavou sua retórica além de seus argumentos. Em sua primeira crítica abertamente feminista, que Claudia L. Johnson, Professora na Universidade de Princeton, considerou ainda não ter sido superada (em sua força argumentativa), Wollstonecraft critica a justificativa de Burke de uma sociedade igualitária fundada sobre a passividade das mulheres.
Em sua defesa da virtude republicana, Wollstonecraft invoca um ethos distintivo da classe média emergente em oposição ao que ela considerava um viciado código de conduta da aristocracia. Alentada por uma crença ilustrada no progresso, ridiculariza Burke por confiar na tradição e nos costumes. Descreve um país idílico onde cada família teria uma fazenda para sustentar suas necessidades. Wollstonecraft contrasta sua imagem utópica da sociedade, desenhada, segundo ela, com sentimentos genuínos, com o falso tableau teatral de Burke.
Direitos dos Homens teve sucesso: recebeu comentários em todos os jornais importantes da época e a primeira edição, publicada anonimamente, se esgotou em três semanas. No entanto, depois da publicação da segunda edição (a primeira que levava o nome de Wollstonecraft na capa), as críticas começaram a avaliar o texto não apenas como panfleto político, mas também como a obra de uma mulher escritora. Contrastavam a "paixão" de Wollstonecraft com a "razão" de Burke, e tratavam condescendentemente o texto e sua autora. Esta análise dos Direitos dos Homens imperou até os anos 70 do século XX, quando as acadêmicas feministas começaram a ler os textos de Wollstonecraft com maior cuidado e chamaram a atenção sobre seu intelectualismo.
