Tecido Cartilaginoso: Características, Tipos e Formação
O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, apresenta consistência firme, mas não é rígido como o tecido ósseo. Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento de ossos longos.
Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos ou linfáticos. A nutrição das células desse tecido ocorre por difusão, já que as substâncias nutritivas, o gás oxigênio e os resultados de processos metabólicos são transportados por vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente.
Onde a Cartilagem Pode Ser Encontrada?
A cartilagem é encontrada no nariz, nos anéis da traqueia e dos brônquios, na orelha externa (pavilhão auditivo), na epiglote, em algumas partes da laringe, nos discos intervertebrais (entre as vértebras) e nas extremidades dos ossos que formam as articulações, evitando o atrito entre eles.
O atrito também é minimizado pela presença do líquido sinovial (do grego syn = união; ovu = ovo), um líquido lubrificante. A cartilagem nos discos intervertebrais, por exemplo, amortece os impactos às vértebras durante os movimentos do corpo e contribui para a flexibilidade da coluna.
A hérnia de disco é formada quando há uma lesão no disco intervertebral, que se achata e se desloca de sua posição normal, podendo pressionar um nervo e provocar dor. A parte central e gelatinosa do disco pode projetar-se para fora.
No feto, o tecido cartilaginoso é abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que é posteriormente substituído pelo tecido ósseo.
Tecido Conjuntivo Cartilaginoso
Além de fibras colágenas e elásticas, o tecido conjuntivo cartilaginoso possui glicídios e glicoproteínas, que conferem consistência firme e flexível, permitindo sustentar diversas partes do corpo e oferecendo certa flexibilidade de movimento.
A substância intercelular desse tecido é composta por fibras (colágenas e elásticas) mergulhadas em uma parte amorfa e por células chamadas condrócitos (do grego chondros = cartilagem), que se originam de células jovens, os condroblastos (do grego blastós = embrionário), e estão alojadas em cavidades (lacunas).
Dessa forma, podemos dizer que há dois tipos de células nas cartilagens:
- Condroblastos: produzem as fibras e a substância fundamental.
- Condrocitos: células com baixa atividade metabólica, situadas no interior das lacunas no tecido.
Tipos de Cartilagem
Dependendo do tipo e da quantidade de fibras presentes, a cartilagem pode ser classificada em três tipos:
Cartilagem Hialina
Apresenta matriz homogênea, com quantidade moderada de fibras colágenas. É a cartilagem mais comum, ocorrendo no nariz, na laringe e nos anéis da traqueia e dos brônquios. No feto, a cartilagem hialina é abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que depois é substituído pelo tecido ósseo.
A cartilagem cricóide é um anel formado pela cartilagem hialina que forma a parte inferior da laringe, ligando-se à traqueia.
Cartilagem Elástica
Além das fibras colágenas, possui um grande número de fibras elásticas, tornando-a mais resistente à tensão do que a cartilagem hialina. A cartilagem elástica é encontrada no pavilhão auditivo, na tuba auditiva (antigamente denominada trompa de Eustáquio), na epiglote e em algumas partes da laringe.
Cartilagem Fibrosa ou Fibrocartilagem
É um tecido rico em fibras colágenas, ocorrendo associada a algumas articulações do corpo humano e em pontos onde tendões e ligamentos se fixam aos ossos.
Patologia da Cartilagem
A degradação da cartilagem entre as articulações dos joelhos, tornozelos, quadris, ossos das mãos e pés, vértebras da coluna, ombros, punhos e mandíbula pode levar ao desenvolvimento da osteoartrose, um processo degenerativo articular.
A cartilagem entre essas articulações evita o atrito ou a tração provocada pelos movimentos do corpo, atuando como uma “mola siliconada” absorvendo impactos. Quando a cartilagem está desgastada, a osteoartrose se manifesta, caracterizando-se por dores intensas, rigidez matinal e diminuição ou perda da função articular.
O tratamento inicial envolve analgésicos, e em casos mais graves, pode ser necessária intervenção cirúrgica e/ou o uso de próteses para que o paciente possa retomar suas atividades diárias, melhorando sua qualidade de vida.
A Influência Hormonal sobre a Cartilagem
No Brasil, o aumento de casos de doenças degenerativas da cartilagem articular é de 20% ao ano, resultando em 200.000 brasileiros desenvolvendo alguma patologia, afetando também a massa óssea. Há uma incidência de 35% dos casos ocorrendo nos joelhos, com início a partir dos 30 anos.
Estudos apontam que a produção hormonal de esteroides sexuais (estrogênio, progesterona e testosterona) influencia a qualidade da cartilagem e a massa óssea. A interferência contínua aumenta as células ósseas que degeneram a articulação, causando perda da cartilagem e alterações ósseas, resultando em dor, deformidade e movimento limitado nas articulações.
Os esteroides sexuais estão relacionados com a manutenção do tecido cartilaginoso, portanto, em mulheres na menopausa, a administração desses hormônios deve ser avaliada.