Santa Inquisição e Cruzadas
As Cruzadas foram movimentos militares cristãos em direção à Terra Santa com o objetivo de conquistá-la e mantê-la sob domÃnio cristão.
No século VII, surgiu no Oriente Médio uma religião monoteÃsta que ganharia muitos adeptos: o islamismo, difundido pelo profeta Maomé. Seu crescimento levou a embates com o cristianismo. No final do século XI, o islamismo já reivindicava lugares sagrados, coincidentes com os do cristianismo. Jerusalém, a cidade sagrada para cristãos, muçulmanos e judeus, era um dos locais disputados, resultando em conflitos que perduram até hoje no Oriente Médio.
O termo "Cruzada" não era utilizado na época. Os participantes se viam como soldados de Cristo e distinguiam-se pela cruz em suas roupas. As Cruzadas eram chamadas de peregrinações ou guerras santas pelos europeus, enquanto, no Oriente Médio, eram vistas como invasões francas, já que a maioria dos cruzados provinha do Império CarolÃngio e se autodenominavam francos.
Em torno do ano 1000, as peregrinações cristãs a Jerusalém aumentaram significativamente, já que muitos acreditavam que o fim do mundo se aproximava. No entanto, com o avanço muçulmano sobre a Terra Santa, o trânsito de cristãos tornou-se difÃcil. A primeira expedição militar cristã foi organizada no século XI para tentar expulsar os muçulmanos. Entre 1096 e 1270, várias expedições tentaram, sem sucesso, reconquistar Jerusalém.
Antes da primeira Cruzada oficial, houve a chamada Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular, liderada pelo monge Pedro e composta por uma multidão de mulheres, velhos e crianças. Apesar de chegar ao Oriente, foi facilmente massacrada. Em 1095, o Papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada oficial, reunindo a nobreza europeia para combater os infiéis. Os cruzados conquistaram a Terra Santa, Antioquia, TrÃpoli e Edessa.
Após a reconquista de Edessa pelos muçulmanos, uma Segunda Cruzada foi organizada (1147-1149), mas resultou em derrota. Em 1187, Saladino derrotou os cristãos e retomou Jerusalém. Em resposta, o Papa Gregório VIII convocou a Terceira Cruzada (1189-1192), envolvendo Ricardo Coração de Leão, Frederico Barbarossa e Felipe Augusto, mas, novamente, sem sucesso definitivo. Um acordo de paz foi assinado, permitindo a peregrinação cristã a Jerusalém.
No inÃcio do século XIII, uma nova Cruzada foi convocada para atacar Constantinopla (1202-1204), sem aprovação papal. Essa Quarta Cruzada enfraqueceu o Império Oriental e acentuou o ódio entre as igrejas grega e latina. Em 1208, o Papa Inocêncio III lançou uma cruzada contra os cátaros no Lanquedoc, doutrina considerada herética pela Igreja.
Em 1212, ocorreu a inusitada Cruzada das Crianças, onde crianças e adolescentes tentaram reconquistar Jerusalém, mas muitos morreram na viagem e os sobreviventes foram vendidos como escravos em Alexandria.
Uma Quinta Cruzada (1217-1221) fracassou novamente ao enfrentar enchentes no Nilo. A Sexta Cruzada (1228-1229), liderada por Frederico II, conseguiu recuperar Jerusalém, Belém e Nazaré por um breve perÃodo. Em 1244, os cristãos perderam novamente Jerusalém.
A Sétima Cruzada (1248-1254), liderada por LuÃs IX da França, não teve sucesso. O rei foi aprisionado e seu resgate custou 500 mil moedas de ouro. Ele liderou a Oitava Cruzada em 1270, mas faleceu ao desembarcar em Túnis devido à peste, encerrando a expedição. Uma Nona Cruzada foi tentada por Eduardo da Inglaterra, que retornou após a morte de seu pai.
Embora as Cruzadas tenham falhado em manter a Terra Santa, elas enfraqueceram a aristocracia feudal, fortaleceram o poder real e abriram mercados. A civilização oriental contribuiu para o desenvolvimento cultural europeu, promovendo avanços intelectuais. Jerusalém nunca foi novamente dominada pelos cristãos, mas as Cruzadas expandiram os contatos com outras culturas e influenciaram mudanças na sociedade medieval.