Sabia que as Cobras Já Tiveram Pernas e Podem Voltar a Ter?
Um grupo de pesquisadores estrangeiros descobriu que, há 120 milhões de anos, uma cobra que parecia ter quatro patas viveu no Ceará. Batizada de Tetrapodophis amplectus, o animal possuía cerca de 160 vértebras na coluna e 112 na cauda, com corpo e crânio alongados.
Alguns cientistas brasileiros questionaram tal descoberta: não seria um tipo específico de lagarto ou outro réptil? Entretanto, duas pesquisas recentes comprovaram que algumas espécies rastejantes realmente tinham pernas.
As “Pernas” das Cobras
De acordo com novas imagens em 3D, publicadas na revista Journal of Vertebrate Paleontology, a arquitetura interna dos ossos das pernas das cobras antigas é bastante similar à dos lagartos terrestres modernos. A pesquisa revela que existem três cobras fossilizadas com ossos das pernas preservados.
Uma pesquisa liderada por Len Pennacchio e Axel Visel, do Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, simulou as mudanças sequenciais de DNA em cobras de cinco tipos diferentes. A intenção do experimento era mostrar como um componente sequencial que forma a Zona de Atividade Polarizada poderia ser reativado.
Os pesquisadores puderam apurar que a sequência de ZRS, responsável pelo desenvolvimento de membros no corpo, das cobras é diferente das de outros animais. De acordo com o estudo, publicado na revista científica Cell, essa sequência de ZRS foi percebida em quase todas as espécies de cobras.
Os cientistas afirmam que as cobras perderam essa função dos membros ao longo do tempo, devido a alterações no DNA e RNA.
“Patas Embrionárias” e Processo de Evolução
Outra pesquisa, realizada por Francisca Leal e Martin Cohn, do Instituto Médico Howard Hughes, aponta que a mudança genética das cobras pode ter ocorrido durante o período do Cretáceo Superior, entre 66 e 100 milhões de anos atrás.
Os pesquisadores analisaram a perda e o reaparecimento de pernas em cobras do tipo píton e concluíram que as características que mantinham os membros não foram totalmente perdidas durante o processo de evolução, sendo resultantes das patas embrionárias. Segundo os cientistas, o genoma necessário para desenvolver membros nesses répteis tem sido altamente conservado.