Quando o clima não ajuda
Milhões de toneladas de rocha e gelo podem deslizar para o oceano, produzindo tsunamis, em partes do Alasca – GETTY IMAGES
Barry Arm é uma estreita entrada do mar na costa sul do Alasca. Esta pequena área, porém, representa hoje uma ameaça com potenciais catastróficos.
Geólogos acreditam que as mudanças climáticas podem produzir ali um deslizamento de gelo e pedras capaz de provocar um tsunami na região.
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Este seria apenas um dos “possíveis efeitos devastadores” das mudanças climáticas no Alasca e em outras regiões do Ártico, segundo a pesquisadora Anna Liljedahl — e eles poderiam aparecer já nos próximos anos.
A geóloga diz à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que a preocupação sobre o Barry Arm é muito grande porque ele poderia gerar um deslizamento muito maior do que todos os vistos no século 20.
“São fenômenos diferentes dos que conhecíamos antes. E o pior é que acreditamos que eles se tornarão cada vez mais frequentes”, diz a geóloga, do Centro de Pesquisa Woods Hole, no Alasca.
Ela acrescenta que a energia de um deslizamento de terra como este poderia exceder a de um terremoto de magnitude 7.
“Esta é uma combinação muito perigosa e é apenas um dos exemplos dos perigos que temos no Alasca”, diz ela.
Frente a esses alertas, a Divisão de Estudos Geológicos e Geofísicos do Alasca expressou cautela e afirmou que monitora permanentemente possíveis movimentos de terra e deslizamentos na área.
O órgão diz ainda que produz modelos para prever o tamanho que um tsunami poderia ter — e como se espalharia.
A Preocupação
Quando o clima não ajuda
Além de ameaçar vidas, catástrofes trazidas pelas mudanças climáticas no Alasca impactariam também atividades econômicas como pesca e turismo – GETTY IMAGES.
O estreito de Barry Arm está localizado na Baía de Prince William Sound, no Golfo do Alasca. É uma área com presença frequente de pescadores e que, antes da pandemia, também recebia turistas em navios de cruzeiro.
Um deslizamento de milhões de toneladas poderia acabar com essas atividades econômicas locais por tempo indeterminado, além de colocar centenas de vidas em risco.
O Ártico é uma das partes do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas.
O Alasca não é a única região em perigo, explica a geóloga do Centro de Pesquisas Woods Hole. British Columbia, uma província no noroeste do Canadá, e a Noruega também enfrentam a possibilidade de deslizamentos de terra e tsunamis devido às mudanças climáticas.
“À medida que o aquecimento global continua derretendo geleiras e o permafrost, tsunamis produzidos por deslizamentos de terra se apresentam como uma grande ameaça”, explica ela.
No século passado, 10 dos 14 maiores tsunamis registrados ocorreram em áreas montanhosas glaciais — como na Baía de Lituya, Alasca, no tsunami de 1958.