Panspermia - Mais uma hipótese para a origem da vida
A origem da vida é algo que historicamente inquieta os agrupamentos humanos e, mesmo com todos os avanços na área da ciência e da tecnologia, ainda existem muitas dúvidas e curiosidades quanto ao modo pelo qual a vida na Terra teria se iniciado. Dentre as muitas teorias formuladas historicamente, uma das que possui destaque e gera questionamentos é a Panspermia.
Como surgiu a Teoria da Panspermia?
A Teoria da Panspermia, embora ainda pouco conhecida, é bastante antiga, sendo já suas ideias debatidas por Anaxágoras (nascido na Turquia em 500 a.C.), o qual já falava em “sementes da vida”, as quais estariam espalhadas por todo o cosmo. Como qualquer teoria nova, a Panspermia foi debatida e refutada por muitos pesquisadores naquele contexto, sendo retomada séculos depois, com maior intensidade em fins do século XIX, quando estudiosos voltaram a investir esforços para embasar a teoria.
A teoria em questão tomou maiores proporções quando foram descobertos, ainda na década de 1980, fósseis de bactérias nas geleiras da Antártida, o que era considerado improvável pelos cientistas, pelas condições inóspitas deste ambiente. Esse fator foi somado a outras evidências encontradas ao longo do tempo, como a bactéria Methanococcus jannaschii, encontrada fossilizada em vulcões submersos no fundo do mar, sendo que estas bactérias não sobrevivem ao oxigênio, mas apenas aos gases carbônico, hidrogênio e nitrogênio, o que evidencia, em tese, que esse tipo de vida teria vindo de algum lugar do espaço.
O que é a Teoria da Panspermia?
Basicamente, a Teoria da Panspermia acredita que a vida na Terra tenha sido originada a partir de matéria-prima oriunda do espaço, sendo que esta base de vida estaria contida em corpos celestes que se chocaram com a Terra no contexto de formação desta. Assim, a hipótese da Panspermia é a de que a vida, desde a microbiana ou não, tenha sido distribuída por toda a Terra, de modo natural ou mesmo artificial, por meio destes fragmentos que teriam sido originados em outros planetas ou luas. A base dos estudos da Panspermia é a condição bacteriológica, comparando-a com descobertas em várias partes do mundo e relacionando-as com achados astronômicos.
Acredita-se que as chamadas “sementes de vida” estejam presentes em todos os locais do universo, havendo uma troca destas de um local para outro.
Panspermia Balística
A Teoria da Panspermia tem como base três princípios gerais, sendo eles: Panspermia Balística (interplanetária), quando os fragmentos ocasionados por meio de impacto na superfície de planetas se tornam veículos de transferência para que o material biológico seja difundido de um planeta para outro, ambos no Sistema Solar.
Lithopanspermia
O segundo se chama Lithopanspermia (interestelar), e diz respeito às partículas expulsas da superfície de um dado planeta servirem de veículo de transporte para o espalhamento de materiais biológicos de um sistema estelar para outro.
Panspermia Dirigida
Já a terceira ideia é a Panspermia Dirigida, segundo a qual as partículas de vida podem ter sido espalhadas de forma proposital por civilizações extraterrestres, bem como os próprios seres humanos terem a possibilidade de espalhar “sementes de vida” em outros planetas, utilizando-se para isso das tecnologias.
Princípio Mais Aceito
Dentre as três vertentes principais que embasam a Panspermia, a Lithopanspermia é a mais aceita pelos pesquisadores. Segundo essa ideia, as formas de vida simples, microbianas, possuem a capacidade de sobreviver a alguns processos como o mecanismo de escape, o que significa que eles sobrevivem a ejeções de materiais de um dado planeta para o espaço, o que geralmente ocorre por meio de impactos no planeta de origem. De outro lado, acredita-se que essas formas de vida sobrevivam a uma exposição às condições consideradas inóspitas para a vida. E ainda que elas teriam condições de sobreviver ao processo de aterrizagem, de modo a não serem destruídas nesse momento.
Contribuições da Teoria da Panspermia
Os pesquisadores que se interessam pelas discussões da Panspermia afirmam que as descobertas teriam o poder de contar a história do início do Sistema Solar, pois as partículas encontradas guardariam em si informações químicas antigas e que revelariam muitas dúvidas ainda existentes quanto à formação do conjunto de corpos celestes que constituem o Sistema Solar, especialmente em relação ao desenvolvimento de vida na Terra.
Além disso, esse transporte de material biológico teria atuado de modo dual, tanto trazendo compostos químicos essenciais para o desenvolvimento da vida para a Terra, quanto podendo ter sido o responsável pelas extinções em massa no planeta, alternando a dinâmica orgânica existente até ali. A maior contribuição em relação às pesquisas se refere à possibilidade de conhecer de forma mais profunda as formas pelas quais a vida se desenvolveu no planeta.
A Teoria da Panspermia não é aceita pela comunidade científica, justamente porque há uma escassez de evidências e de estudos que comprovem as ideias propostas pelos defensores desta. Ainda assim, durante as pesquisas neste sentido, descobertas importantes têm sido feitas, por vezes de forma involuntária, e que auxiliam no entendimento das formas pelas quais a vida na Terra foi originada e os processos pelos quais o planeta passou historicamente. A Teoria da Panspermia gera dúvidas e questionamentos por conta de uma aproximação com hipóteses de vida extraterrestre, o que acaba sendo ainda uma espécie de tabu na sociedade.
Vários são os pesquisadores que têm se debruçado sobre questões que interessam à Teoria da Panspermia, como o entendimento dos componentes da poeira interestelar, por exemplo, sendo um deles Chandra Wickramasinghe, juntamente com Fred Hoyle.
As teorias e ideias de pesquisadores famosos como Stephen Hawking são também utilizadas como forma de embasamento para as pesquisas que consideram a Panspermia uma hipótese viável sobre a origem da vida. No entanto, ao longo da história, vários grupos e pesquisadores impulsionaram e retomaram os estudos nesta área, como Hermann von Helmholtz e William Thomson, e ainda Svante Arrhenius, para os quais as partículas de vida poderiam ser transportadas pelo espaço e implantadas em outros locais.