O que é disgrafia e como tratar isso?
A disgrafia, embora seja um termo incomum para a maioria das pessoas, é uma dificuldade enfrentada por diversos indivíduos. Trata-se de um distúrbio que causa transtornos de aprendizagem, afetando aproximadamente 4% da população brasileira, segundo a psicopedagoga e psicanalista infantil Deborah Ramos. Ela define a disgrafia como uma "escrita manual extremamente pobre ou dificuldade na realização dos movimentos motores necessários à escrita".
Tipos de disgrafia
De acordo com a psicopedagoga, existem dois tipos de disgrafia: motora (discaligrafia) e perceptiva. No caso da disgrafia motora, “o indivíduo consegue falar e ler, mas enfrenta dificuldades na coordenação motora fina para escrever letras, palavras e números. Ou seja, vê a figura gráfica, mas não consegue realizar os movimentos corretos para escrevê-la.”
Por outro lado, a disgrafia perceptiva se refere à dificuldade em fazer a relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam sons, palavras e frases. “Possui características da dislexia, sendo que esta está associada à leitura e a disgrafia está associada à escrita,” explica a especialista.
Como surge a disgrafia?
A disgrafia pode surgir devido a uma disfunção no Sistema Nervoso Central (SNC) ou por meio de uma lesão adquirida ao longo da vida. “A disfunção resulta no desenvolvimento anormal da habilidade de escrever. Como se trata de uma disfunção do SNC, a disgrafia pode atingir todas as classes sociais e, se a criança não receber a devida estimulação, o problema tende a se agravar,” alerta Deborah Ramos.
Sintomas da disgrafia
Segundo a psicopedagoga, a disgrafia apresenta algumas características, como:
- Dificuldade para escrever ou escrita marcada pela junção de letras maiúsculas e minúsculas;
- Escrever letras com formatos diferentes, muito juntas ou incompletas;
- Emprego de força ou pressão exagerada durante a escrita;
- Caligrafia comprometida;
- Dificuldade em realizar cópias;
- Troca de letras com sons semelhantes;
- Adições incoerentes nas palavras;
- Fragmentações incorretas em palavras;
- Omissões, inversões, junções ou confusões de sílabas nas palavras.
Embora a criança disgráfica tenha um desenvolvimento intelectual normal, ela é incapaz de produzir uma escrita culturalmente aceitável, o que acaba interferindo em sua produção e aproveitamento acadêmico.
Como tratar este problema?
Ao perceber os sinais de disgrafia, tanto os pais quanto a escola devem tomar atitudes imediatas. Intervenções precoces são fundamentais para amenizar os efeitos do distúrbio. É importante que os responsáveis e professores evitem repreender os erros e, em vez disso, enfatizem as conquistas.
Na escola, as crianças com disgrafia podem ser estimuladas a se expressarem de forma oral, além de serem incentivadas a produzir diferentes materiais, como artes plásticas. O paciente deve iniciar um tratamento psicopedagógico que enfoque a estimulação linguística global e ofereça um atendimento individualizado complementar à escola.
Além disso, os papéis da escola e dos pais incluem:
- Promover situações prazerosas em que a criança utilize a escrita, como escrever pequenos recados, fazer convites e escrever postais;
- Incentivar atividades como contornar figuras, pintar dentro dos limites, ligar pontos e seguir tracejados, dentre outros exercícios que estimulem o desempenho motor.