O poder dos meios de comunicação.
Beatriz Kushnir incorpora em suas conclusões: “Este quarto pilar, localizado fora do aparelho do Estado, deveria, segundo esta concepção, vigiar os interesses de seus leitores, cidadãos republicanos”. No entanto, Claudio Abramo é mais enfático: “um equívoco que geralmente a esquerda comete é o de que, no Brasil, o Estado desempenha o papel de controlador da informação (...) O Estado não é capaz de exercer o controle, mas sim a classe dominante, os donos. O Estado influi pouco, porque é fraco. Até no caso da censura, ela é dos donos dos jornais. Não é o governo que manda censurar um artigo, e sim o próprio dono do jornal. Como havia censura prévia durante o regime militar, para muitos jornalistas ingênuos ficou a impressão que eles e o patrão tinham o mesmo interesse em combater a censura”.
Assim como Mino Carta afirma: “A imprensa no Brasil é sempre parte do poder, é o próprio poder, mesmo quando esta na oposição. Uma eventual divergência com o governante de plantão não abala este pilar do establishment. (Portanto) a contribuição da imprensa para a manutenção do status quo tem sido magnífica, em certas circunstâncias, vital.”
Por isso, não podemos nos surpreender quando estes mesmos meios de comunicação se colocam contra as greves dos trabalhadores hoje, ou divulgam mentiras sobre militantes de esquerda e suas lutas, como as que foram divulgadas na época da desocupação do Pinheirinho. Afinal, são os mesmos jornais que continuam a sustentar o poder, defender os poderosos e manter o regime contra as ações do movimento.
Neste sentido, o livro de Kushnir cumpre um importantíssimo papel ao colocar luz sobre a atuação da grande imprensa durante a ditadura, e serve de base para entendermos como os meios de comunicação trabalham hoje. Afinal, para a burguesia, o “jornalismo é um negócio”, que para ser feito, na maioria das vezes, necessita das benesses do Estado, e por isso tanto o defende.