O dejeto dos suínos pode substituir a ureia na adubação do pasto?
O produtor Fábio Pereira Alves, de Tupãssi, no Paraná, quer saber se os dejetos dos suínos que cria podem substituir a ureia na adubação das suas pastagens. Ele disse que já está usando em sua propriedade com bons resultados e quer validar a prática com um especialista.
No Giro do Boi, o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária, esclareceu o assunto. “O suíno tem uma capacidade hoje de produção muito boa de dejetos, que podem ser aproveitados tanto na lavoura quanto na pastagem. Eu tive oportunidade de trabalhar com uma propriedade na Nicarágua, onde eles tinham uma grande criação de suínos e produziam muitos dejetos. Lá, eles aproveitavam tanto para alimentação, para suplementação do rebanho, porque o dejeto do suíno é puro milho, puro grão. Eles também aproveitavam a água como fertirrigação nas capineiras e já dava um excelente resultado”, contextualizou.
Pires apresentou dados relevantes: “Eu fui pesquisar para você ter uma noção. 1.000 suínos produzem 8.000 quilos de nitrogênio e 4.300 quilos de P2O5 em média por ano. E o que o seu pasto necessita para produzir bem? Algo em torno de 200 quilos de nitrogênio por hectare. Então é só você fazer a conta para você ter uma relação. É muito bom”, calculou.
O especialista fez uma ressalva sobre as variações nas proporções: “Agora isso, Fábio, varia muito em termos da alimentação que você está oferecendo para os seus suínos, a quantidade de água e de matéria seca. O que seria conveniente? Você pegar uma amostra desse dejeto que você está jogando, mandar para fazer uma análise e ver o quanto tem de nitrogênio”, sugeriu.
Pires alertou sobre o uso excessivo de dejetos nas pastagens: “Todo dejeto, seja de suínos, frango ou até de bovinos, tem um cheiro. E o bovino não gosta do próprio cheiro das suas fezes. Eu já vi esse tipo de problema: em uma propriedade na região de Mineiros, em Goiás, onde jogaram muita cama de frango, o gado começou a refugar. Então, muito cuidado para não dar cheiro na sua pastagem. Você deve fazer aplicações dando um tempo entre uma e outra para que realmente aquilo volatilize e o cheiro se perca, evitando problemas com o consumo de forragem”, ponderou.
“Mas é bom e vale a pena continuar. É importante você misturar, fazer essa análise e aí você vai saber o que está jogando. Com certeza, o resultado é compensatório”, finalizou.