O ARRAIL PROSPERA
Em 1733, o arraial de Curral del-Rei estava em franco desenvolvimento. Tinha muitas construções de boa qualidade, em torno das quais prosperavam fazendas de plantio e criação. As principais atividades eram a lavoura, criação de gado e fabricação de farinha. Em “Traços Históricos e Descriptivos de Bello Horizonte” , de autoria do padre Francisco Martins Dias, consta que, em 1815, o Curral del-Rei ocupava uma área de 95 quilômetros quadrados, com uma população de quase 18 mil habitantes.
Nessa área foi implantada por volta de 1828, uma fábrica de produção de algodão, acompanhando o surto fabril que atingiu Minas Gerais, tornando-se o Estado um dos maiores produtores do Brasil. Em 1845, surgiu outra unidade, de fundição de ferro e bronze, nas proximidades da Lagoa de Maria Dias (próximo ao cruzamento hoje, Avenida Paraná com rua Carijós, no Centro). Duas fábricas de tecido e manufatura instalada em Sabará (1855), cidade à qual o arraial estava ligado, também teve reflexo positivo.
O nível cultural dos habitantes ainda era precário, quando, por volta de 1814, a Fazenda Pública pagou a primeira escola, com 22 alunos. Em 1828, foram criadas as primeira 87 cadeiras para ambos os sexos. Apesar dos avanços, em 1860, apenas um quarto da população sabia ler e escrever.
A religião foi um capítulo marcante na história do arraial de Curral del-Rei. A Matriz de Nossa Senha da Boa Viagem, construída no centro do arraial, era o ponto de convergência dos moradores e viajantes. Havia ainda ermidas e muitas festa religiosas, além de danças folclóricas como Cavalhada, que imitava a luta entre mouros e cristãos.
Em 1890, um ano antes da decisão de mudança da Capital, havia três templos católicos: a Matriz da Boa Viagem e as capelas do Rosário e de Santana. A população era aproximadamente 4.000 habitantes.
O arraial tinha dois lagos, oito ruas, 172 casas, 16 pontos comerciais, duas escolas públicas, uma farmácia, 31 fazendas de cultura e criação. Era banhado por córregos como o Leitão, Ilha, Capão Grande, Cercadinho, Taquaril e Cardoso e pelo ribeirão Arrudas. Possuía ainda oito olarias, várias pedreiras de granito e calcário, 16 engenhos de cana, duas vinhas, além de uma cultura de café. Exportava madeira e frutas.