Literatura do Antigo Egito
A literatura do Antigo Egito inclui textos de caráter religioso (como os hinos às divindades) e obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa. A literatura apareceu pela primeira vez em associação com a realeza, em rótulos e etiquetas para itens encontrados em tumbas reais. Foi principalmente uma ocupação dos escribas, que trabalhavam na instituição Per Ankh, ou Casa de Vida, para os escritórios, bibliotecas (chamadas Casas dos Livros), laboratórios e observatórios.
Algumas das peças mais conhecidas da literatura, como os textos das pirâmides e dos sarcófagos, foram escritas em egípcio clássico, que continuou a ser a língua da escrita até 1300 a.C. Durante este período, a tradição da escrita evoluiu para autobiografias em túmulos, como os de Harcufe e Uni.
O gênero conhecido como Sebayt (instruções) foi desenvolvido para comunicar os ensinamentos e orientações de nobres famosos. Deste gênero, destaca-se o Ensinamento de Ptaotepe, que, em trinta e seis máximas, expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas. O Papiro Ipuur, um poema de lamentações que descreve catástrofes naturais e agitação social, é um papiro contraditório, pois até o presente não se chegou a um consenso quanto ao seu período, podendo ser um poema descritivo do Primeiro ou Segundo Período Intermediário. A história de Sinué, escrita em egípcio médio, é um clássico da literatura, contando as peripécias da personagem homônima. O Papiro Westcar, também escrito nesse período, é um conjunto de histórias contadas a Quéops por seus filhos, relatando as maravilhas realizadas pelos sacerdotes.
A obra Instruções de Amenemés é considerada uma obra-prima da literatura do Oriente Próximo. Outras histórias famosas incluem o Conto do Náufrago (história de um marinheiro que naufragou em uma ilha habitada por uma serpente), o Príncipe predestinado (história de um príncipe amaldiçoado), os Dois Irmãos (história de vinganças causadas pela mulher de um dos irmãos) e a Sátira das profissões (sátira realizada por escribas para mostrar os incômodos das outras profissões que não fossem o ofício de escriba).
O egípcio tardio foi falado no Império Novo e ocorre em documentos administrativos do período raméssida, poesias de amor e contos, bem como em textos demóticos e coptas. No final do Império Novo, a língua vernácula foi mais frequentemente empregada para escrever peças populares, como a História de Unamón e a Instrução de Ani. O primeiro conta a história de um nobre que é roubado quando se dirigia ao Líbano para comprar madeira de cedro e suas peripécias para voltar ao Egito. Durante este período, papiros como o Papiro Cester Beatty I, Papiro Harris 500 e um fragmento do Papiro de Turim mostram um tipo de poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo. A partir de cerca de 700 a.C., histórias narrativas e instruções, como a popular Instruções de Onchsheshonqy, bem como documentos pessoais e empresariais, foram escritos em demótico. A ação de muitas histórias escritas em demótico durante o período greco-romano decorria em épocas históricas anteriores, quando o Egito era uma nação independente governada por grandes faraós como Ramessés II.