Jacarandá: um argentino que é bom de bola – ops, de flores

A árvore que deixa tudo azul por aqui nessa época vem do país vizinho e é espetacular. Mas os jacarandás brasileiros não ficam atrás em beleza.
Jacarandás: A disputa entre Brasil e Argentina
Quem é melhor: Pelé ou Maradona? No futebol, todo mundo sabe que só há uma resposta possível para essa questão, claro. Mas a coisa se inverte diante de certa bola dividida botânica: quando o assunto é a beleza dos jacarandás, não é que os hermanos levam ligeira vantagem no jogo? Ou, pelo menos, têm a seu favor a torcida do senso comum.
Pois bem: este momento do ano é perfeito para o brasileiro tirar a conclusão por si próprio na disputa dos jacarandás. Em cidades como São Paulo, o último suspiro da seca antes da chegada das chuvas de verão deixa tudo azul: sim, a florada dos jacarandás é a responsável pelo tom de roxo quase anil ofuscante que toma as ruas e parques. E, na maioria das vezes, tais árvores imponentes são da espécie Jacaranda mimosifolia – o famigerado jacarandá vindo de países que são nossos vizinhos ao sul, como a Argentina. O que poucos sabem é que, sim, temos belíssimos jacarandás nativos que merecem ser cultivados.
A importância do Jacarandá Mimoso
A importação do jacarandá mimoso não é uma fraqueza exclusiva dos brasileiros: até em cidades europeias e americanas, ninguém abre mão de cultivar em espaços públicos esse espetáculo do paisagismo. Rústico e frondoso, o jacarandá cresce rápido e proporciona ótima sombra. Tendo sol e espaço o bastante, a árvore vai que é uma beleza. E a cor de sua florada é inigualável: um azul vivo, profundo, de efeito durável.
Como não me considero um jardineiro xiita, não tenho nada contra o uso do jacarandá gringo no plantio urbano. Ele é tão nobre e adaptado ao nosso clima que a questão da origem passa a ser irrelevante. Mas defendo vivamente que se dê chances aos jacarandás das matas brasileiras. Das inúmeras espécies nativas, duas merecem especial atenção: o Jacaranda brasiliana e o Jacaranda cuspidifolia.