Império Novo (1550–1069 a.C.)
Os faraós do Império Novo estabeleceram um período de prosperidade sem precedentes, ao assegurar as fronteiras e reforçar os laços diplomáticos com seus vizinhos. Campanhas militares lideradas por Tutemés I e seu neto Tutemés III ampliaram a influência dos faraós, criando o maior império que o Egito já havia visto. Quando Tutemés morreu em 1425 a.C., o Egito se estendia desde Nia no norte da Síria até a quarta catarata do Nilo, na Núbia, cimentando fidelidades e abrindo caminho para importações essenciais como bronze e madeira.
Os faraós do Império Novo iniciaram uma campanha de construção em grande escala para promover o deus Amom, com o culto centrado em Carnaque. Eles também construíram monumentos para glorificar suas próprias realizações, tanto reais quanto imaginárias. A faraó Hatexepsute usou tais meios como propaganda para legitimar sua pretensão ao trono. Seu reinado bem-sucedido foi marcado por expedições comerciais a Punte, um elegante templo mortuário, um par de obeliscos colossais e uma capela em Carnaque. Apesar de suas realizações, o sobrinho e enteado de Hatexepsute, Tutemés III, tentou apagar seu legado perto do fim de seu reinado, possivelmente em represália pela usurpação do trono.
Sob Tutemés IV (1397–1388 a.C.), o Egito formou uma aliança com Mitani para atacar o Império Hitita. Com Amenófis III, foram edificados os templos de Luxor, o palácio de Malcata e o Templo de Milhões de Anos, do qual atualmente só restam os conhecidos "Colossos de Memnon". O templo de Amom em Carnaque também foi ampliado. Durante seu reinado, colheitas férteis e excedentes permitiram a Amenófis III assegurar relações com os reinos orientais e nobres das cidades sírio-palestinas por meio de acordos diplomáticos, alguns dos quais envolvendo casamentos reais. Cerca de 1350 a.C., a estabilidade do Império Novo foi ameaçada quando Amenófis IV subiu ao trono e instituiu reformas radicais. Após mudar seu nome para Aquenáton (O Esplendor de Aton), decretou o obscuro deus Sol Atom como divindade suprema, suprimindo o culto de outras divindades e atacando o poder religioso estabelecido. Mudando a capital para a nova cidade de Aquetáton (Horizonte de Atom, atual Amarna), Aquenáton tornou-se desatento aos negócios estrangeiros, absorvendo-se pela devoção a Atom e sua personalidade de artista e pacifista. Durante seu reinado, as relações comerciais com o Mar Egeu (minoicos e micênios) foram cortadas, e os hititas começaram a ameaçar a soberania egípcia na Síria. Após sua morte, o culto de Atom foi rapidamente abandonado, e os faraós Tutancâmon, Aí e Horemebe apagaram todas as referências à heresia de Aquenáton, agora conhecida como Período Amarna.
Sob Seti I, o Egito controlou revoltas e conquistou a cidade de Cadexe e a região vizinha de Amurru, ambas localidades palestinianas. Ramessés II ascendeu ao trono por volta de 1279 a.C., continuando a construção de um número significativo de templos, estátuas e obeliscos; foi o faraó com a maior quantidade de filhos da história (110 filhos). Ele transferiu a capital do império de Tebas para Pi-Ramessés, no Delta Oriental. Ousado líder militar, comandou seu exército contra os hititas na Batalha de Cadexe em 1274 a.C. e, após um impasse, assinou em 1258 a.C. o primeiro tratado de paz conhecido da história, o Tratado de Cadexe, onde ambas as nações se comprometiam a ajudar mutuamente contra inimigos internos ou externos. O tratado foi selado com o casamento de Ramessés II e a filha mais velha do imperador Hatusil III.
A riqueza do Egito tornou-o um alvo tentador para invasões, especialmente de líbios e dos chamados povos do mar. No reinado de Merneptá, ambos os povos se aliaram com o objetivo de atacar o Egito, incitando também os núbios à revolta. Com a subsequente derrota dos invasores, os revoltosos acabaram sendo suplantados. Durante o reinado de Ramessés III, o faraó conseguiu expulsar os povos do mar do Egito em duas grandes batalhas; no entanto, eles acabaram se estabelecendo na costa palestina e, durante o reinado de seus sucessores, tomaram completamente a região. É importante lembrar que o Egito não enfrentava apenas problemas externos. Após a morte de Ramessés II e a ascensão de seu filho Merneptá, a instabilidade política assolou o Egito. Diversos golpes de Estado depuseram muitos faraós em pouco tempo, e distúrbios civis, corrupção, revoltas de trabalhadores e roubos de túmulos contribuíram para a instabilidade interna. Como forma de ganhar popularidade, durante o início da XX dinastia, foram concedidas terras, tesouros e escravos para os sacerdotes dos templos de Amom, o que fortaleceu seu poder e fragmentou o país durante o Terceiro Período Intermediário.