Hierarquia social do Antigo Egito
No topo da hierarquia social estava o faraó, que possuía poderes absolutos, tomando decisões militares, religiosas, econômicas e judiciais, além de ser o dono nominal de todas as terras. Nos períodos de cheia, o faraó ordenava que a população exercesse outras funções, como a construção de obras públicas. Enquanto vivo, o faraó era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto seu antecessor falecido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente de relação de consanguinidade entre os soberanos. A partir da V dinastia, os reis passaram a se apresentar também como filhos de Rá, o deus solar.
Os faraós possuíam muitas mulheres e filhos. Sua mulher principal, denominada hemet nesut, "esposa do rei", podia ser sua irmã ou uma de suas filhas. Os faraós tinham diversas insígnias: o pschent (a união das coroas do Alto e Baixo Egito), os cetros crossa e chicote, o nemés (ornamento para a cabeça decorado com uma cobra e um abutre que simbolizavam, respectivamente, o Baixo e o Alto Egito) e a barba postiça. Podia ser simbolicamente traduzido como esfinge e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi. A palavra faraó, vinda do egípcio per aâ, significa "Casa Grande" e tornou-se o nome oficial dos líderes do Egito apenas durante a XVIII dinastia, pois até então os líderes referiam-se a si mesmos como nesu (rei) ou neb (senhor). A partir da V dinastia, a titulatura dos reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Mestras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome.
Classe do Saiote Branco
Abaixo do faraó e de sua família na pirâmide social encontrava-se o grupo denominado "classe do saiote branco" (ou classe dos dominantes), em referência ao vestuário de linho decorado que trajavam. Primeiramente vinham os nomarcas e vizires. Os nomarcas administravam as províncias imperiais, enquanto os vizires controlavam o arrecadamento de impostos, fiscalizavam as obras públicas, os celeiros reais, participavam do alto tribunal de justiça e chefiavam a polícia e as tropas. Abaixo destes, estavam os sacerdotes que administravam os templos, cultos e as festas religiosas, atuando como conselheiros dos faraós e usufruindo de terras, isenção de impostos e prestígio. Muito importantes à máquina burocrática do governo, os escribas cobravam impostos, organizavam as leis e a escrita, determinavam o valor das terras, copiavam poemas, hinos e histórias, escreviam cartas, realizavam censos populacionais e calculavam os estoques de alimentos, produção agrícola, área de terras aráveis, atividades comerciais, de soldados e necessidades do palácio. A partir do Império Novo, surgiu uma nova classe: os grandes comerciantes, que monopolizavam o comércio exterior.
Classes Dominadas
Abaixo das classes dominantes situavam-se as classes dominadas. Primeiramente vinham os soldados, que recebiam produtos por serviços prestados e tomavam espólios de saques, mas que nunca ascendiam a altos postos no exército. Abaixo destes, vinham os artesãos (tecelões, pintores, barbeiros, cozinheiros, barqueiros, ceramistas, escultores, joalheiros, ferreiros, etc.), que trabalhavam especialmente para os faraós, a nobreza e os templos, além de pequenos comerciantes que vendiam seus produtos nos mercados das cidades. Os camponeses (ou félas) formavam a maior parte da população e eram agricultores, pecuaristas e pescadores. Mesmo sendo os produtores, os produtos agrícolas eram propriedade direta do Estado, dos templos ou da família nobre que possuía a terra. Os camponeses estavam sujeitos a um imposto sobre o trabalho e eram obrigados a trabalhar na construção de obras públicas e na limpeza de canais em um sistema similar à corveia medieval na Europa. Também eram obrigados a trabalhar nos transportes e, por vezes, no exército. Abaixo dos camponeses, encontrava-se a base da pirâmide: os escravos (hemu e/ou baku). Cativos ou condenados da justiça, trabalhavam em atividades domésticas, públicas ou religiosas, gozando de direitos civis e aprendendo a escrita.
Vida Doméstica
A maioria da população era constituída por agricultores ligados à terra. Suas habitações eram restritas aos membros imediatos da família e foram construídas com tijolos de barro, destinadas a manter o frescor no calor do dia. Cada casa tinha uma cozinha com teto aberto, contendo uma pedra de moinho para moagem de farinha e um pequeno forno para cozer pão. As paredes eram pintadas de branco e podiam ser cobertas com tapetes de linho tingido. Os pavimentos eram cobertos com esteiras de palha, enquanto a mobília era composta por bancos de madeira, camas elevadas e mesas individuais. As mães eram responsáveis por cuidar dos filhos, enquanto o pai fornecia a renda da família.