Guerra de Constantino e Magêncio
Em meados de 310, Galério estava muito doente para envolver-se nas políticas imperiais. Neste período, sua última ação foi a emissão de uma carta aos provinciais postada em Nicomédia em 30 de abril de 311, proclamando o fim das perseguições aos cristãos e restabelecendo a tolerância religiosa. Morreu logo depois da proclamação do édito, destruindo a pouca estabilidade existente. Maximino mobilizou-se contra Licínio no Oriente e tomou a Anatólia. Uma paz precipitada foi assinada num barco em meio ao Bósforo.
Enquanto Constantino excursionava na Britânia e Gália, Magêncio preparou-se para a guerra: fortificou o norte da Itália e fortaleceu seu apoio na comunidade cristã ao permitir a eleição do novo bispo de Roma, o papa Melquíades (r. 310–314).
O governo de Magêncio era, contudo, inseguro. Seu suporte inicial dissolveu-se com a implementação de altos impostos e retração comercial; revoltas eclodiram em Roma e Cartago; e Domício Alexandre (r. 308–310) foi capaz de brevemente usurpar sua autoridade na África. Por 312, era um homem apenas tolerado, sem nenhum apoio efetivo, mesmo entre os cristãos italianos.
No verão de 311, Magêncio mobilizou-se contra Constantino, enquanto Licínio estava ocupado com outros assuntos no Oriente. Declarou guerra, jurando "vingar" a morte de seu pai. Para evitar que Magêncio formasse uma aliança contra ele com Licínio, no inverno de 311-312, Constantino ofereceu ao último sua irmã Constância (r. 313–324) em casamento. Maximino considerou o acordo uma afronta à sua autoridade e, em resposta, enviou emissários para Roma, oferecendo reconhecimento político para Magêncio em troca de apoio militar. Magêncio aceitou.
Segundo Eusébio de Cesareia, viagens inter-regionais tornaram-se impossíveis, e havia concentrações militares em todo lugar. "Não havia um lugar onde as pessoas não estavam esperando o início das hostilidades, a cada dia". Os conselheiros e generais de Constantino advertiram-no contra um ataque preventivo contra Magêncio; mesmo seus adivinhos foram contrários, alegando que os sacrifícios produziram presságios desfavoráveis. Constantino, com um espírito que deixou uma profunda impressão em seus seguidores, inspirando alguns a acreditar que tinha alguma forma de orientação sobrenatural, ignorou todos os alertas.
No início da primavera de 312, cruzou os Alpes Cócios com um quarto de seu exército, uma força de aproximadamente 40.000 soldados. A primeira batalha ocorreu em Segúsio (atual Susa), que foi tomada à força. Dali, continuou sua marcha.
Ao avizinhar a importante cidade de Augusta dos Taurinos (atual Turim), encontrou uma grande força de cavalaria pesadamente armada e derrotou-a. Augusta dos Taurinos recusou-se a dar refúgio às forças em retirada de Magêncio, preferindo abrir as portas para Constantino. Outras cidades da planície norte italiana enviaram emissários a Constantino parabenizando-o pela vitória. Ele moveu-se para Mediolano, onde encontrou as portas abertas e alegria eufórica. Constantino descansou seu exército ali até meados do verão de 312, quando moveu-se para Bríxia (atual Bréscia). O exército de Bríxia foi facilmente dispersado, e Constantino rapidamente avançou para Verona, onde uma grande força de Magêncio estava acampada.
Rurício Pompeiano, general das forças veronesas e prefeito pretoriano de Magêncio, opôs-se ao imperador invasor em dois confrontos consecutivos às portas da cidade. Rurício foi morto e seu exército destruído. Verona rendeu-se logo depois, seguida por Aquileia, Mutina (atual Módena) e Ravena. Agora o caminho direto para Roma estava aberto.
Às margens do rio Tibre, próximo à deliberadamente arruinada ponte Mílvia, Constantino confrontou o último exército de seu adversário, comandado pelo próprio Magêncio. Ao perceber que seu exército estava sendo superado, Magêncio tentou escapar, mas, no tumulto provocado pela debandada de seus soldados, foi empurrado no Tibre e afogou-se. Constantino entrou em Roma em 29 de outubro e encenou grande advento na cidade, onde deparou-se com grande júbilo popular. O corpo de Magêncio foi fisgado do Tibre e decapitado. Sua cabeça foi exibida pelas ruas para todos verem. Após as cerimônias, a cabeça foi enviada para Cartago, encerrando a resistência na cidade.