Controvérsia racial do Antigo Egito
Os antigos egípcios foram o resultado de uma mistura de várias populações que se fixaram no Egito ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica. A questão relativa à etnia dos antigos egípcios é, por vezes, geradora de controvérsia, embora, à luz dos últimos conhecimentos da ciência, falar de raças humanas revele um anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica, os antigos egípcios eram considerados praticamente como brancos; a partir dos anos 1950, as teorias do "afrocentrismo", que afirmavam que os egípcios eram negros, ganharam espaço em alguns círculos. Importa também referir que as reproduções artísticas são frequentemente idealizações que não permitem conclusões definitivas neste domínio.
Os egípcios tinham consciência de sua alteridade: nas representações artísticas dos túmulos, os habitantes do Vale do Nilo aparecem com roupas de linho branco, enquanto seus vizinhos líbios e semitas se apresentam com roupas de lã. A língua dos egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego clássico) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego).
O número de habitantes do Antigo Egito variou ao longo da história. Durante o período pré-dinástico (5500–3100 a.C.), a população rondava as centenas de milhares; durante o Império Antigo (séculos XVII-XII a.C.), situava-se em torno de dois milhões, atingindo quatro milhões durante o Império Novo. Quando o Egito se tornou uma província romana, estima-se que a população seria cerca de sete milhões. Como atualmente, a esmagadora maioria da população habitava as terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto.