Cientistas resolvem o mistério de gigantesca cratera na Sibéria
As mudanças climáticas foram as responsáveis pelo aparecimento súbito de uma imensa cratera com 20 metros de largura e 30 metros de profundidade na península de Yamal, na tundra siberiana.
A cratera, que ficou conhecida como C17, foi descoberta em setembro de 2020 e não é única: outras 16 foram encontradas na região entre as penínsulas de Yamal e Gyda. Segundo os cientistas, elas acontecem quando o solo permanentemente congelado da região, chamado de permafrost, começa a se descongelar devido ao aumento de temperatura registrado na região nos últimos anos.
A permafrost é um imenso reservatório natural do gás metano. Com o degelo, o gás acumulado em cavidades subterrâneas se expande, sem ter para onde escapar, até que o solo descongelado sobre ele não resista à pressão. O resultado é uma explosão e uma imensa cratera.
Segundo Evgeny Chuvilin, pesquisador sênior do Centro para Recuperação de Hidrocarbonetos do Instituto de Ciência e Tecnologia Skolkovo, em Moscou, a C17 está “unicamente bem preservada, já que a água da superfície ainda não tinha se acumulado dentro dela quando a estudamos, o que nos permitiu estudar uma cratera fresca, intocada pela degradação”.
Imagens da cratera C17, na tundra siberiana, feitas por um drone. Imagem: Bogoyavlensky, V.; Bogoyavlensky, I.; Nikonov, R.; Kargina, T.; Chuvilin, E.; Bukhanov, B.; Umnikov, A.
Esta também foi a primeira vez que os cientistas conseguiram mandar um drone para dentro de uma cratera, descendo de 10 a 15 metros abaixo da superfície para mapear o seu interior em três dimensões.
Igor Bogoyavlensky, do Instituto de Pesquisa de Óleo e Gás da Academia Russa de Ciências, foi quem pilotou o drone. Ele teve que se deitar na borda da cratera e pendurar seus braços e o controle sobre o fosso para conseguir manter contato com a aeronave. “Três vezes ficamos perto de perder ela, mas conseguimos capturar os dados para o modelo 3D”, disse à CNN.