Cerco de Constantinopla (674–678)
O cerco árabe de Constantinopla de 674–678, também conhecido como primeiro cerco árabe de Constantinopla, foi um dos principais conflitos nas guerras bizantino-árabes, marcando o ápice da estratégia expansionista do califa omíada Moáuia I contra o Império Bizantino. Historiadores recentes têm questionado se ocorreu um cerco no sentido clássico, sugerindo que o evento pode ter sido uma série de campanhas árabes em territórios bizantinos da Ásia Menor, algumas delas atingindo Constantinopla.
Moáuia I, que assumiu o controle do império árabe em 661 após a guerra civil conhecida como Primeira Fitna, reativou a agressão contra Bizâncio com o objetivo de enfraquecer o inimigo ao tentar conquistar sua capital. Conforme o cronista bizantino Teófanes, o Confessor, relatou, o ataque árabe foi cuidadosamente planejado: entre 672 e 673, a frota árabe conquistou bases ao longo das costas da Ásia Menor e estabeleceu um bloqueio parcial em torno de Constantinopla. Utilizando a península de Cízico, no mar de Mármara, como base de inverno, os árabes retornavam na primavera para atacar as fortificações bizantinas.
Os bizantinos, liderados pelo imperador Constantino IV, conseguiram eventualmente derrotar a marinha árabe com uma nova invenção, o fogo grego, uma substância incendiária que teve um efeito devastador. O exército terrestre árabe na Ásia Menor também foi vencido, obrigando os invasores a levantar o cerco. Esta vitória foi crucial para a sobrevivência do Império Bizantino, pois afastou temporariamente a ameaça árabe. Logo após, um tratado de paz foi assinado, proporcionando aos bizantinos um período de relativa ascendência sobre o Califado, especialmente com a eclosão de outra guerra civil muçulmana em 680 ou 683.
Legado do Cerco
O cerco deixou marcas duradouras nas tradições do nascente mundo muçulmano, embora se misture com relatos de uma expedição anterior, liderada pelo filho de Moáuia, o futuro califa Iázide I. Por essa razão, estudiosos modernos questionam a precisão das crônicas de Teófanes e tendem a valorizar mais as fontes árabes e siríacas.