Bicho-pau: Insetos Mimetizadores da Natureza
Bicho-pau é o nome comum dado aos insetos da ordem Phasmatodea, também denominada Phasmida, Phasmatoptera ou Phasmodea, que mimetizam pedaços de madeira ou gravetos. Existem 13 famílias, 523 gêneros e 2.822 espécies de bichos-pau, sendo 591 encontradas na América do Sul.
Características Gerais
São animais fitófagos, geralmente ápteros, com coloração verde ou marrom; porém, algumas espécies coloridas são aladas. Seu desenvolvimento é do tipo hemimetábolo, sendo que a maioria das espécies se reproduz sexuadamente e apresenta um grande dimorfismo sexual. Entretanto, a partenogênese já foi encontrada em muitas espécies.
Algumas espécies, quando em alta densidade, podem causar danos à agricultura. No total, existem cerca de três mil espécies no mundo, espalhadas por todos os continentes, exceto a Antártica. Aproximadamente 220 espécies são encontradas no Brasil, sendo que a maior diversidade ocorre em florestas tropicais, além da grande quantidade de espécies mantidas em cativeiro.
Ovos
Os ovos dos bichos-pau são muito característicos e únicos, com variações nas formas, núcleos e tamanhos, servindo como parâmetro para a identificação das espécies. Muitos apresentam uma aparência que muitos autores atribuem ao mimetismo acentuado do grupo.
Os ovos possuem um opérculo (parte da região superior do ovo) e núcleos que variam do marrom claro até quase preto, com alguns próximos ao branco. Eles variam em tamanho entre 0,4 cm a 0,5 cm de comprimento (do opérculo até a extremidade oposta) e 0,3 cm a 0,4 cm de largura. A cápsula é muito esclerosada, com superfície lisa e brilhante, muitas vezes modificada ventralmente para consolidação com substância adesiva. Uma placa micropilar pode ser aberta ou fechada, mais específica da espécie. Em espécies do grupo Anareolatae, pode ocorrer a presença de um capítulo no opérculo.
As ninfas eclodem do ovo pelo opérculo, destacando-se o resto da cápsula quando emergem, muitas vezes com quase o dobro do ovo em tamanho.
Em C. phyllinum, a postura dos ovos se inicia aproximadamente 20 dias após a cópula, com ovos sendo liberados pela fêmea que, em geral, não escolhe um local específico para a postura, pousando sobre as plantas e, muitas vezes, caindo no solo. Ovos fertilizados têm um período de incubação de 60 a 80 dias, enquanto os não fertilizados podem variar de 85 a 110 dias, podendo chegar a 280 dias; na maioria dos casos, o período de incubação é de 85 a 110 dias. A eclosão dos ovos de C. phyllinum demora entre 100 a 150 dias, mas períodos menores já foram observados. Não foi registrado nenhum comportamento de cuidado parental.
Apesar da ausência de comportamento de cuidado parental, algumas espécies desenvolveram mecanismos de proteção indireta de seus ovos. Os ovos de Diapheromera femorata, por exemplo, assemelham-se a sementes e possuem um capítulo que se assemelha a um elaiossoma (estrutura carnosa encontrada em algumas sementes de plantas), atraindo formigas. As formigas levam esses ovos para seus ninhos, imaginando que se tratam de sementes, permitindo que suas larvas se alimentem do capítulo e, em seguida, os descartem no ninho. Assim, os ovos de D. femorata ficam protegidos de parasitas ou predadores até que a ninfa ecloda. Mecanismos semelhantes também foram observados em espécies pertencentes a Extatosoma tiaratum.