Batalha de Dirráquio (1081)
A Batalha de Dirráquio, ocorrida em 18 de outubro de 1081, foi um confronto entre o Império Bizantino, liderado pelo imperador Aleixo I Comneno (r. 1081-1118), e os normandos da Itália sob o comando de Roberto Guiscardo, duque da Apúlia e da Calábria. A batalha aconteceu nas proximidades da cidade de Dirráquio (atualmente Durrës, na Albânia), que era a capital bizantina da Ilíria, e resultou em uma vitória normanda.
Após a conquista da Itália bizantina e da Sicília sarracena pelos normandos, o imperador bizantino Miguel VII Ducas (r. 1071–1078) arranjou o casamento de seu filho com a filha de Roberto Guiscardo. Com a deposição de Miguel, Roberto utilizou o noivado como justificativa para invadir o Império Bizantino em 1081. Seu exército cercou Dirráquio, embora sua frota tenha sido derrotada pelos venezianos. No dia 18 de outubro de 1081, os normandos enfrentaram o exército bizantino sob Aleixo I nos arredores de Dirráquio. A batalha teve início com a ala direita bizantina destruindo a ala esquerda normanda, que se rompeu e fugiu. Os mercenários varangianos que participaram da perseguição se separaram da força principal e foram massacrados. Em seguida, os cavaleiros no centro das forças normandas atacaram o centro do exército bizantino, desorganizando-o, o que resultou na aniquilação dos bizantinos.
Consequências da Batalha
Após a vitória, os normandos tomaram Dirráquio em fevereiro de 1082 e avançaram pelo território bizantino, capturando grande parte da Macedônia e da Tessália. Roberto foi posteriormente forçado a deixar a Grécia para lidar com um ataque ao seu aliado, o papa, pelo Sacro Império Romano-Germânico, liderado por Henrique IV (r. 1084-1105). Ele deixou seu filho, Boemundo, encarregado do exército na Grécia. Embora os normandos tenham obtido sucesso em várias batalhas, Boemundo acabou sendo derrotado por Aleixo I próximo a Lárissa e foi forçado a recuar para a Itália, devolvendo todos os ganhos da campanha aos bizantinos. Esta recuperação marcou o início da chamada "Restauração Comnena".
Contexto Histórico
Os normandos chegaram pela primeira vez no sul da Itália em 1015, vindos da França para servir aos lordes lombardos locais como mercenários contra o Império Bizantino. O pagamento pelos seus serviços era em terras, e logo se tornaram poderosos o suficiente para desafiar a autoridade papal. Em 1054, derrotaram as forças papais na Batalha de Civitate, forçando o reconhecimento da autoridade normanda na região. Em 1059, o papa alçou Roberto Guiscardo, da família Altavila, como duque da Apúlia, Calábria e Sicília. A maior parte da Apúlia e da Calábria ainda estava sob domínio bizantino, enquanto a Sicília estava nas mãos dos sarracenos.
Em 1071, Roberto e seu irmão, Rogério, conquistaram Bari, o último bastião bizantino na Itália. No ano seguinte, tomaram a Sicília, destruindo o emirado muçulmano. Em 1073, o imperador bizantino Miguel VII Ducas despachou um enviado a Roberto, oferecendo-lhe a mão de seu filho Constantino Ducas em casamento com sua filha Helena. Guiscardo aceitou a proposta e enviou Helena para Constantinopla, mas em 1078, Miguel foi deposto por Nicéforo III Botaniates, frustrando as esperanças de Helena. Isso deu a Guiscardo o pretexto para invadir o Império: a necessidade de salvar a filha maltratada.
Preparativos para a Invasão
Roberto alistou todos os homens em idade de combate no exército, que ele mesmo equipou. Enquanto isso, enviou um embaixador à corte bizantina exigindo um tratamento decente para Helena e tentando conquistar a lealdade do doméstico das escolas, Aleixo. Quando o embaixador retornou à Itália, soube que Aleixo havia derrubado Botaniates e tomado o trono. O embaixador apelou a Roberto para firmar a paz, mas Roberto ignorou o conselho e enviou seu filho Boemundo com uma força de vanguarda para a Grécia, desembarcando em Avalona, seguido por Roberto.
A frota normanda, composta por 150 naus, incluindo transportes de cavalos, partiu para o Império Bizantino no final de maio de 1081. O exército totalizava cerca de 30.000 homens, apoiados por 1.300 cavaleiros normandos. Após desembarcar em Avalona, Roberto rapidamente conquistou Corfu e avançou para Dirráquio, a capital e principal porto da Ilíria. A cidade era bem defendida e Guiscardo posicionou seu exército na península próxima às muralhas da cidade. Entretanto, sua frota foi atingida por uma tempestade, resultando na perda de vários navios.
Ao tomar conhecimento dos preparativos normandos, Aleixo enviou embaixadores ao doge de Veneza, Domenico Selvo, solicitando ajuda e oferecendo privilégios comerciais em troca. O doge, alarmado com o controle normando do estreito de Otranto, assumiu o comando da frota veneziana e atacou os normandos, que, apesar de seus esforços, foram derrotados em uma emboscada na noite anterior à batalha.